Introdução: As infecções fúngicas representam um problema de saúde crescente,
especialmente em pacientes imunocomprometidos. A resistência aos antifúngicos
tradicionais exige a pesquisa de novos agentes terapêuticos. A bixina, um
apocarotenoide obtido do urucum (Bixa orellana L.), possui propriedades
farmacológicas promissoras, como a ação antimicrobiana. Este estudo explora o
potencial antifúngico da bixina, utilizando métodos in silico para modelar interações
moleculares e propriedades farmacocinéticas, bem como in vitro, visando o
desenvolvimento de novas alternativas terapêuticas antifúngicas. Metodologia: O estudo
in silico envolveu a realização de docking molecular, para prever interações entre a
bixina e proteínas alvo de fungos patogênicos. As análises in sílico avaliaram os
parâmetros de afinidade molecular e as características farmacocinéticas da bixina,
incluindo absorção, distribuição, metabolismo, excreção e toxicidade (ADME/Tox) e o
perfil de "druglikeness". No estudo in vitro foi avaliada a bixina isolada e em combinação
com itraconazol frente a oito cepas fúngicas, seguindo as diretrizes CLSI M38-A3 e
M27-A4. Foram empregadas as técnicas de microdiluição em caldo e de tabuleiro de
xadrez, sendo a primeira para determinação da Concentração Inibitória mínima e a
segunda para a obtenção do Índice Fracionário de Concentração Inibitória (IFCI), a fim
de determinar o tipo de interação obtida entre a bixina e o antifúngico, itraconazol. A
atividade foi testada contra fungos filamentosos e leveduriformes. Resultados e
Discussões: Os resultados de docking indicam interações favoráveis entre a bixina e os
sítios ativos das proteínas fúngicas, sugerindo afinidade molecular significativa.
Observou-se também que a bixina possui propriedades farmacocinéticas compatíveis
para o uso terapêutico. Esse perfil farmacológico reforça o potencial da bixina como
uma nova abordagem para o tratamento antifúngico. Os resultados in vitro mostraram
melhor atividade da bixina isolada em fungos desprovidos de melanina, com maior
eficácia em dermatófitos, seguidos por leveduras, enquanto fungos melanizados
apresentaram resistência. Na combinação com itraconazol, foi observado sinergismo
para um dos agentes causadores da cromoblastomicose. Conclusão: Os resultados de
docking para a bixina indicaram afinidade molecular favorável e propriedades
farmacocinéticas promissoras, reforçando sua viabilidade para uso terapêutico. No
ensaio in vitro, a bixina demonstrou potencial como agente antifúngico, com melhor
atividade in vitro frente a fungos desprovidos de melanina, especialmente dermatófitos,
e sinergismo em combinação com itraconazol contra um agente da cromoblastomicose.
Esses achados destacam a importância de explorar compostos naturais como a bixina
quanto à atividade antimicótica e incentivam pesquisas para o desenvolvimento de
formulações contendo esse composto.