A prematuridade, definida como o nascimento antes das 37 semanas de gestação, está associada a riscos elevados de morbimortalidade e a desafios no crescimento e desenvolvimento dos recém-nascidos. Dentre os principais cuidados, a alimentação adequada nas primeiras horas de vida é essencial, com destaque para o aleitamento materno, devido aos seus benefícios nutricionais, imunológicos e emocionais. Prematuros, especialmente os de menor idade gestacional e peso ao nascer, enfrentam dificuldades na sucção e digestão, exigindo estratégias como o Método Canguru, estimulação oral e, quando necessário, uso de sonda ou nutrição parenteral. Este estudo observacional, de coorte retrospectiva e abordagem quantitativa, foi realizado na Unidade de Cuidados Intermediários Canguru da Nova Maternidade Dona Evangelina Rosa (Teresina–PI), com base em 154 prontuários de recém- nascidos prematuros internados entre dezembro de 2024 a janeiro de 2025. O objetivo foi analisar a relação entre condições clínicas e maternas e os tipos de dieta administrados aos recém-nascidos, com foco no aleitamento materno exclusivo. A amostra apresentou predominância de partos cesáreos e prematuros moderados a tardios (31 a 36 semanas), com maioria das mães entre 20 e 39 anos. A maioria dos neonatos apresentava baixo peso (1500–2499 gramas), e cerca de 65% foram classificados como adequados para a idade gestacional. O peso médio ao nascer foi de 1588 gramas, com aumento médio de 300 gramas até a alta hospitalar. O grupo que recebeu aleitamento materno excluviso teve melhores médias de peso e comprimento ao nascer, e também início mais precoce da dieta enteral e tempo de internação mais curto. Não houve associação estatisticamente significativa entre características maternas e o aleitamento exclusivo, embora mães mais jovens e com parto vaginal tenham apresentado maiores taxas. Já entre os fatores neonatais, a idade gestacional e o peso ao nascer foram associados à alimentação unicamente por leite materno: recém-nascidos com mais de 34 semanas ou peso entre 1500 gramas e 2499 gramas tiveram maiores taxas. Recém-nascidos internados na UTI Neonatal, com menor peso ou em condições clínicas mais graves, apresentaram menor prevalência de aleitamento materno exclusivo, evidenciando a influência da instabilidade clínica sobre a manutenção da amamentação. Mesmo entre os recém-nascidos que precisaram de sonda ou alimentação enteral, o aleitamento materno exclusivo foi possível em muitos casos, sugerindo que, com suporte adequado, a amamentação pode ser mantida. O estudo também identificou que o menor peso ao nascer se associou ao uso de cateter umbilical, internação em UTI neonatal e início mais tardio da dieta, indicando maior necessidade de suporte intensivo e nutricional. Diante disso, conclui-se que fatores clínicos neonatais têm maior impacto na manutenção do aleitamento materno exclusivo do que fatores maternos. O incentivo ao aleitamento mateno exclusivo, mesmo em contextos hospitalares complexos, é possível e deve ser prioridade, considerando seus benefícios para a recuperação e o desenvolvimento do reccém-nascido prematuro.