O vínculo entre educação e saúde é reconhecido desde a antiguidade grega e manifestou-se ao longo da história, se consolidando como uma estratégia importante e necessária para a efetivação de políticas públicas de saúde. Atualmente a saúde na escola tem sido alvo de significativa atenção de órgãos internacionais, ratificando sua relevância mundialmente. No intuito de estabelecer a intersetorialidade entre os setores saúde e educação, com vistas à promoção de saúde integral no ambiente escolar, foi instituído o Programa Saúde na Escola (PSE) no território brasileiro. Ante o exposto, o objetivo deste estudo foi analisar o processo de implementação das ações de saúde propostas pelo PSE segundo os enfermeiros das equipes de saúde da família e os gestores das escolas municipais de Teresina. Trata-se de um estudo exploratório, com abordagem qualitativa e amostragem intencional determinada pela saturação dos dados. Foram conduzidas entrevistas semiestruturadas, entre junho e outubro de 2016, posteriormente submetidas à análise de conteúdo temática. Os participantes da pesquisa foram nove enfermeiros das equipes de saúde da família atuantes no PSE e 11 gestores de escolas municipais da cidade de Teresina, Piauí, Brasil, com idades entre 27 e 56 anos. CEP-UFPI n° 1.543.214. Os dados analisados apontaram sete categorias temáticas: Ações de saúde, Planejamento das ações de saúde, Desenvolvimento das ações de saúde, Integralidade das ações de saúde, Aspectos facilitadores, Aspectos dificultadores e Alcance dos objetivos do PSE. Constatamos que as ações de saúde desenvolvidas no PSE em Teresina visam à prevenção de doenças, possuem foco biológico e as ações voltadas para a promoção de saúde são pontuais.Observamos que, para alguns trabalhadores, essas ações tem alcance limitado na promoção da saúde, prevenção e assistência à saúde. Apontamos a ausência de articulação entre os setores, comprometendo a intersetorialidade a integralidade das ações de saúde. A parceria entre os atores envolvidos no programa e a proximidade entre a escola e a UBS foram citados como aspectos facilitadores para execução das ações do PSE. Como aspectos dificultadores foram citados falhas na comunicação entre os atores envolvidos no programa, deficiência de recursos humanos e materiais e a ausência de colaboração da família e/ou da escola. O presente estudo revelou alguns desafios a serem enfrentados na implementação do PSE, tais como a superação do modelo biomédico e da setorialidade. Acreditamos que novos estudos, indo além das ações de saúde e inserindo novos atores e abordagens podem favorecer a elaboração de diretrizes para contribuir na consolidação da saúde integral no ambiente escolar.