Introdução: O trabalho docente é uma atividade que causa sobrecarga e tem sido associada a problemas físicos e emocionais evidenciados pelo aumento do absenteísmo que é um importante indicador das condições de saúde dos trabalhadores. Entre os docentes, problemas vocais e psicológicos são os mais estudados. Entretanto, as Doenças Cardiovasculares (DCV) são responsáveis por elevados índices morbimortalidade e incapacidade em todo o mundo devendo ser objeto de investigação entre os professores. Objetivo: Analisar o absenteísmo por DCV entre os professores da Rede Municipal de Teresina-PI, no período entre 2010 a 2016. Método: Pesquisa transversal, documental e analítica. O estudo analisou os afastamentos por DCV de todos os professores da Secretaria Municipal de Educação de Teresina atendidos pela perícia médica do Instituto de Previdência Municipal de Teresina no período de 2010 a 2016. Foi descrito o perfil sociodemográfico, de trabalho e diagnóstico de afastamento segundo etapa de ensino, primeiro ciclo (ensino infantil e anos iniciais do ensino fundamental) e segundo ciclo (anos finais do ensino fundamental). O teste qui-quadrado de Pearson ou o teste exato de fisher foi utilizado para verificar a associação entre variáveis categóricas e o Teste Wald para variáveis numéricas. No modelo de regressão logística foram incluídas todas as variáveis independentes cuja associação na análise simples apresentou p-valor ≤ 0,20. Em cada modelo final, foi fixado o valor p ≥ 0,05 para o teste de Hosmer-Lemeshow, pesquisa possui Parecer n.º 2.007.361 do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Piauí. Resultados: Dos 2819 professores investigados, 115 professores (4,1%) foram afastados por DCV. Os professores do primeiro ciclo afastados por DCV eram predominantemente do sexo feminino (98,5%), com idade média de 48,4( DP±9,0) anos, carga horária diária de oito horas (88,2%), 15 anos de serviço ( DP±8,9), trabalhando em uma lotação ( DP ±0,2) e com 63 dias de afastamento ( 63,4;DP±93,6). As principais causas de afastamentos foram o grupo das doenças hipertensivas (32,9%) e as que tiveram maior duração de afastamento foram às doenças reumáticas crônicas do coração (293,4±160,1). Os professores do segundo ciclo eram principalmente do sexo feminino (55,0%), com média de idade de 45,8 anos (DP ±10,0), com carga horária diária de quatro horas diárias (62,0%), média de 14 anos de serviço ( trabalhando em uma unidade de lotação ( 1,3; DP±6,0) e com 56 dias de afastamento ( =56,1; DP±86,7). Destes, 18,5% ministravam a disciplina de português, 16,0% matemática, 3,0% religião e 6,4% de artes. A principal causa de afastamento correspondeu ao grupo das doenças hipertensivas (28,6%) e a maior duração de afastamento foi por febre reumática aguda (365,0±0,0). Obteve-se associação significativa entre tempo de serviço (p=0,015) e ser professor de matemática (p=0,045) com absenteísmo por DCV. Conclusões: As abstenções por DCV foram principalmente entre os professores do ensino infantil e primeiro ciclo de ensino. O estudo identificou reduzidas taxas de abstenção por DCV entre os professores o que pode indicar o controle da doença por indivíduos que convivem com DCV. Evidencia-se a necessidade de inserir práticas educativas e de promoção à saúde no cotidiano dos professores.