Introdução: A morte feminina por agressão é a face mais perversa da violência
contra a mulher, sendo um problema de saúde pública mundial. Objetivo:
Analisar os casos de mortalidade feminina por agressão notificados no estado
do Maranhão entre 2000 a 2017. Métodos: Trata-se de estudo ecológico, de
série temporal, tendo como cenário o estado do Maranhão. Os dados são de
origem secundária, obtidos do Sistema de Informação sobre Mortalidade.
Foram avaliados todas as mortes femininas notificadas nos códigos X85-Y09
da Classificação Internacional de Doenças (versão 10), com análise de
características das mulheres e dos óbitos. Realizou-se o cálculo dos
coeficientes de mortalidade feminina por agressão por ano, no estado e nas 05
mesorregiões. Para análise da tendência dos coeficientes de mortalidade
aplicou-se o modelo de regressão linear de Prais-Winsten, com cálculo da
variação percentual anual (VPA) e seus intervalos de confiança a 95%
(IC95%). Foram calculados coeficientes de correlação de Pearson (r) para
avaliar a associação entre indicadores socioeconômicos, demográficos e de
saúde e os coeficientes de mortalidade. Resultados: Houve notificação de
1.666 mortes femininas por agressão. Ocorreu elevação progressiva do
coeficiente de mortalidade em todo o estado no período estudado.
Predominaram as mulheres mortas na faixa etária de 20-29 anos (30,7%),
solteiras (62,8%), com 4 a 7 anos de estudo (29,8%), pardas (70,6%) e
assassinadas em suas residências (32,7%). Entre 2000 e 2015 houve
tendência de aumento do coeficiente de mortalidade no estado
(VPA=+7,53;IC95% 5,24;9,86), com os maiores valores observados nas
mesorregiões Sul (VPA=+12,36;IC95% 8,30;16,57) e Leste
VPA=+11,07;IC95% 8,09;14,13). Observou-se correlação significativa com
indicadores negativos e positivos, com destaque para a proporção de famílias
chefiadas por mulheres (r=0,643; p<0,001) e taxa de mortalidade masculina por
agressão (r=0,634; p<0,001). Conclusões: Houve crescimento na mortalidade
feminina por agressão no Maranhão, sendo mulheres jovens, pardas e de baixa
escolaridade as principais vítimas.