Introdução: O envelhecimento é um processo natural e gradativo que sofre grande influência dos hábitos de vida que aceleram ou tornam mais lento esse processo. As medidas restritivas para conter o avanço da pandemia de Covid-19 ocasionaram repercussões comportamentais duradouras, principalmente para os idosos. Diante dessa situação de vulnerabilidade torna-se fundamental investigar o hábito de vida dos idosos. Objetivo: Analisar as mudanças de hábitos de vida de idosos durante a pandemia de Covid-19. Métodos: Estudo transversal com 289 idosos, selecionados por amostragem aleatória simples, residentes na zona urbana do município de Campo Maior cadastrados na rede de atenção primária à saúde. Foi utilizado questionário semiestruturado contendo dados socioeconômicos e demográficos, antropométricos, estado de saúde e hábitos de vida durante a pandemia de Covid-19. Os desfechos estudados relacionaram-se a qualidade do sono, a prática de atividade física e o comportamento alimentar. Para avaliação das variáveis associadas à evolução do sono foram calculados a odds ratio (OR) obtidos por meio da regressão logística binária enquanto que o teste de Wilcoxon foi usado para comparação das distribuições do tempo de atividade física antes e durante pandemia Covid-19 e o teste de McNemar utilizado para verificar a diferença na alimentação antes e durante a pandemia. O teste Qui-quadrado foi aplicado para investigar a associação das variáveis qualitativas. Os dados coletados foram armazenados e organizados na planilha eletrônica Excel e em seguida exportados e analisados no programa IBM Statistical Package for the Social Sciences versão 20.0. O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05). Resultados: A maior parte dos idosos (59,2%) relataram piora da qualidade do sono. Os homens apresentaram alterações de sono quase três vezes mais do que as mulheres. A prática de atividade física, apesar de insuficiente antes da pandemia, apresentou-se com redução de tempo praticado entre os idosos investigados (35,3%). As mulheres tiveram maior alteração em relação à redução da atividade física (26,2 ± 4,7). Ainda que o consumo de alimentos saudáveis esteja abaixo do recomendado, houve aumento significativo de frutas (13%), e estabilidade do consumo de ultraprocessados. O maior aumento no consumo de frutas foi constatado entre as mulheres, especialmente na faixa etária entre 70 e 79 anos. Conclusão: Os achados apontam aumento de comportamentos de risco à saúde durante a pandemia revelando uma piora dos hábitos de vida de idosos. Torna-se necessária a adoção de medidas efetivas voltadas para o estilo de vida a fim de definir estratégias para ampliação do cuidado da população idosa. Recomenda-se o desenvolvimento de novas pesquisas que sejam representativas da população idosa brasileira e estudos mais aprofundados sobre o impacto da pandemia na saúde desta população.