Introdução: O consumo alimentar, juntamente com o estilo de vida representam os aspectos modificáveis para prevenção de doenças, em especial os transtornos mentais comuns (TCM). Durante o período pandêmico, sentimentos e emoções negativas provenientes da pandemia da covid-19, tornaram a população mais vulnerável a problemas relacionados à saúde mental. Além disso, mudanças comportamentais e de estilo de vida, como redução da atividade física e aumento do consumo de alimentos não saudáveis, também foram observadas na população, configurando uma situação ainda mais preocupante, visto que a literatura aponta tais comportamentos como determinantes para alterações da saúde mental. Objetivos: Analisar a prevalência de TCM e verificar associação com o consumo alimentar e fatores associados em adultos e idosos de Teresina-PI. Métodos: Trata-se de um estudo transversal analítico, de base populacional, domiciliar, de caráter quantitativo, conduzida por meio de um inquérito sorológico em todo o Piauí, denominada EpiCOVID-Piauí. O estudo foi realizado no município de Teresina (PI) e incluiu pessoas a partir dos 20 anos de idade. Assim, foram investigadas variáveis sociodemográficas, econômicas, situação de saúde, transtornos mentais comuns, consumo alimentar e estilo de vida. As entrevistas ocorreram durante as visitas aos domicílios previamente sorteados, por meio de um formulário digital padronizado, usando o programa EpiCollect5. Os entrevistadores foram profissionais de saúde, alunos de graduação e pós-graduação da área de saúde previamente treinados. A análise dos dados foi realizada pelo programa STATA (versão 14.0), sendo utilizado o teste qui-quadrado de Pearson para avaliar a associação entre as variáveis independentes e presença de TMC. Calculou-se a estimativa de prevalência da TMC e a razão de prevalência (RP), com intervalo de confiança de 95% (IC95%), estimado pela regressão de Poisson. Além disso, foram estimadas as RP brutas e ajustadas por faixa etária, sexo, estado civil, renda e presença de sequelas da covid-19. O nível de significância adotado para os testes foi de p < 0,05. Resultados: A prevalência de TMC foi de 31,3%. Ser do sexo feminino (RP: 3,77; IC95%: 1,40-10,12) e consumir bebidas alcoólica 5 vezes ou mais por semana (RP: 4,54; IC95%: 1,16-17,8) foram fatores que aumentaram a prevalência de TCM. Enquanto aqueles que não tiveram covid-19 - com limitações das atividades diárias (RP: 0,50; IC95%: 0,30-0,84) e apresentaram consumo alimentar mais saudável como maior consumo de FVL (RP: 0,35; IC95%: 0,14-0,86), leites e derivados (RP: 0,61; IC95%: 0,40-0,91), ovos (RP: 0,52; IC95%: 0,28-0,98) e carnes brancas (RP: 0,38; IC95%: 0,21-0,71; RP: 0,44; IC95%: 0,22-0,90) tiveram efeito protetor para TMC. Conclusão: Aproximadamente um terço da população do estudo apresentou TMC, com destaque para os adultos. Sexo feminino e ingestão regular de bebidas alcoólicas foram considerados como fatores de risco para TMC. Entretanto, características da covid-19 foram consideradas protetores para o desenvolvimento do TMC, como não ter sintomas ou sequelas após a covid-19, sem limitação das atividades diárias devido aos sintomas e sequelas da covid-19. Além disso, consumo de alimentos saudáveis como FVL, leites e derivados, ovos, carne vermelha e carne branca estavam associados a redução do risco de TMC.