Apesar do capitalismo contribuir de forma decisiva para a criação de riquezas, ainda existem em todos os lugares, dos mais ricos aos mais pobres, pessoas que em função de diversas variáveis, de questões pessoais a questões estruturais, não conseguem participar do que se convencionou chamar de mercado. A condição necessária para participar do mercado é a acumulação de capital, acumulação essa que pode se realizar de diversas formas. Uma dessas formas é a poupança. No entanto, em locais extremamente pobres, poupança é uma possibilidade remota. Outro caminho para iniciar o processo de acumulação de capital é o crédito. No entanto, as pessoas excluídas do mercado por não ter capital são exatamente as mesmas excluídas do mercado de crédito exatamente por não fazer parte do mercado. Cria-se assim um ciclo vicioso que precisa ser combatido de alguma forma. O combate a essa condição é, simultaneamente, combate à pobreza e política de desenvolvimento. Os bancos comunitários de desenvolvimento são uma alternativa para oferecer a essas pessoas a oportunidade que o mercado lhes nega. No entanto, o caráter solidário dos bancos comunitários de desenvolvimento, instituição inserida em um mercado capitalista, compromete uma característica básica de todo empreendimento desse mercado: o acumulo de capital. Assim, a gestão de um banco comunitário de desenvolvimento está permanentemente envolvida em uma questão crucial: 1) decidir com base na lógica mercantil, que busca o lucro e consequentemente o acumulo de capital e a continuidade do empreendimento ou 2) decidir com base na lógica solidária, que busca o fortalecimento de relações sociais locais e o atendimento de necessidades específicas de determinados elementos da comunidade. Essa pesquisa buscará compreender a postura da gestão do Banco dos Cocais que é o banco comunitário de desenvolvimento da cidade de São João do Arraial-PI diante do dilema apresentado. A metodologia utilizada será quali-quantitativa. Será realizada uma pesquisa documental, além de coleta de dados por meio de entrevistas com a gestão do banco e com os membros da comunidade no sentido de compreender o impacto dessas decisões em suas vidas e, consequentemente, na comunidade assim como no próprio capital do banco e o seu impacto sobre sua sustentabilidade e continuidade.