Trata a presente pesquisa da relação entre território e desenvolvimento na Amazônia a
partir da análise do desenvolvimento sócio-espacial das comunidades agroecológicas
Tauari, Urupiúna e Cearazinho, pertencentes à Cooperativa Mista dos Agricultores
Familiares dos Caetés (COOMAC), localizadas no município de Bragança (nordeste
paraense). A preocupação central do estudo é entender se e em que medida a COOMAC
é capaz de promover o desenvolvimento sócio-espacial, considerando as variáveis
autonomia, qualidade de vida, justiça social (SOUZA, 2013) e ambiental das
comunidades bragantinas. Para realização do trabalho foram utilizados como
procedimentos metodológicos, além da revisão teórico-conceitual acerca da temática do
desenvolvimento sócio-espacial e de suas variáveis, a pesquisa qualitativa e o trabalho
de campo tiveram um papel primordial, pois através das observações sistemáticas da
realidade e das entrevistas semiestruturadas e gravadas, foi possível alcançar os
objetivos traçados. De modo geral, a principal contribuição da pesquisa pode ser
descrita em dois planos analíticos: o plano teórico e o plano empírico. No teórico, a
pesquisa acrescentou ao debate do desenvolvimento sócio-espacial (SOUZA, 2002, 200,
2013) que estava pautada nas variáveis autonomia (individual e coletiva), qualidade de
vida e justiça social, o debate acerca da justiça ambiental e da sustentabilidade,
elementos fundamentais para se compreender a vida das comunidades de Bragança, bem
como suas estratégias de inserção econômica no mercado, via COOMAC. No empírico,
avalia-se que as ações da COOMAC junto às comunidades foram capazes de promover
o desenvolvimento no seguinte sentido: a) houve ganhos de autonomia via redução da
dependência de atravessadores e da criação de ambiente favorável a participação social
nas decisões e na sua auto-organização; b) houve melhoria na qualidade de vida por
meio da elevação da renda, tornando possível o acesso à bens materiais e imateriais; c)
ampliou-se a justiça social em função da luta por maior equidade social na distribuição
dos recursos, muito embora ainda exista uma priorização das oleaginosas em detrimento
da agricultura familiar e se careça de um debate de gênero no processo; d) introduziu-se
a justiça ambiental/sustentabilidade como variável fundante para se pensar o
desenvolvimento e a reprodução a vida nas comunidades.