Nossa pesquisa tem como objetivo principal analisar a reflexão de Hannah Arendt sobre o
sentido da política tendo como intuito a elucidação de elementos do seu pensamento que
cooperam para pensar a ressignificação da política na Era Moderna. Para alcançar tais objetivos,
partiremos do seu diálogo com as experiências gregas e romanas antigas, passando pelo
diagnóstico da modernidade primeiro elucidado negativamente através da reflexão sobre o
totalitarismo e em seguida positivamente pelo fenômeno dos sistemas de conselhos surgidos
nas revoluções americana, francesa e húngara. Explicitaremos os aspectos políticos das
sociedades gregas e romanas, que foram apontados por Arendt no estabelecimento das
fronteiras entre esfera pública e esfera privada, construindo um pano de fundo para a reta
compreensão do sentido da política no pensamento da autora. Dando continuidade na reflexão
sobre a perda e o resgate do sentido da política na modernidade, abordaremos o diagnóstico que
Arendt constrói em relação a consolidação da Era Moderna através da vitória do animal
laborans, ascensão da esfera social e cristalização de elementos explicitados no totalitarismo.
Desenvolveremos ainda as reflexões da pensadora sobre o surgimento e os efeitos das
revoluções francesa, americana e húngara, destacando conceitos como fundação, felicidade
pública, liberdade, leis, e Constituição. Nesse nosso trajeto abordaremos ainda a importância
dos sistemas de conselhos nas revoluções, destacando inicialmente o conflito existente entre
essas novas formas de participação política e os partidos políticos, para em seguida analisarmos
uma possível transformação do conceito de Estado vigente. O intuito deste estudo é contribuir
com as reflexões acerca da crise da política na modernidade e com a interpretação acadêmica
da obra arendtiana no que se refere ao resgate do sentido da política, baseada na trajetória de
seu pensamento desde as experiências na antiguidade aos fenômenos modernos do totalitarismo
e das revoluções.