Esta pesquisa tem por objetivo compreender o papel dos movimentos de resistência no projeto de mudança radical das tecnologias defendido na filosofia da tecnologia de Andrew Feenberg, principalmente, nas obras Transforming Technology (2002) e A teoria crítica de Andrew Feenberg: racionalização democrática, poder e tecnologia (2013). Feenberg aborda os problemas modernos originados nas tecnologias partir de uma Teoria Crítica da Tecnologia. Para ele, o obstáculo central encontra-se numa crescente contradição entre democracia, capitalismo e formas de organização tecnocráticas. Sua proposta é de democratização das diversas instituições tecnologicamente mediadas da nossa sociedade. O ponto em que queremos focar trata da possibilidade de uma tal mudança das tecnologias. De que modo podemos aplicar os planos de ampliação de considerações das tecnologias, como pensa Feenberg, quando temos fatores artificiais, originados na articulação de grupos dominantes para a manutenção da lógica atual de busca pelo progresso, que produzem os trilhos sobre os quais os modos de produção e desenvolvimento de tecnologias atuais são guiados? Nossa hipótese tem na relação posta pelo autor entre “operadores” e “operados” a dinâmica necessária para alcançar tal mudança. O autor argumenta, a partir da sua concepção de tecnologia humanamente controlada e possuidora de valores, que há, por parte dos “operados”, a possibilidade de exigir mudanças na estrutura de produção tecnológica. Esse movimento de exigência é o que o autor chama de “interesses participantes”. Nesse esquema, Feenberg trata do potencial tecnológico de se adequar e seguir diferentes arranjos técnicos para diferentes finalidades sociais. A resistência das massas, que sofrem com as consequências dos atuais desenhos tecnológicos, seria então um modo de buscar, a partir de baixo, a mudança que tem por meta a democratização das tecnologias.