O objetivo desta pesquisa é investigar a leitura neopragmatista de Richard Rorty
(1931-2007) sobre a concepção de subjetividade em Michel Foucault (1926-1984). Rorty ficou
conhecido como um celebre filósofo que se opôs à concepção moderna de sujeito, sobretudo o
excesso de antropocentrismo e cientificismo. Quanto ao filósofo francês Michel Foucault, pode-
se constatar no terceiro domínio de sua produção teórica, a presença de uma investigação
vigorosa sobre a constituição do sujeito. Inicialmente, percebe-se desde seus primeiros escritos,
o papel que exerce o poder e a verdade enquanto mecanismos criadores de subjetividade,
impondo aos sujeitos modos de ser e de relacionar-se consigo e com os outros. Todavia, a
análise sobre a questão da constituição do sujeito se configura de forma mais delimitada nos
cursos Subjetividade e Verdade (1981) e A Hermenêutica do Sujeito (1982). Foucault
desenvolve uma investigação sobre a subjetividade a partir das noções de ética, filosofia,
espiritualidade, sexualidade, arte de viver e cuidado de si, buscando compreender como o
sujeito torna-se assujeitado pelo poder e saber, sugerindo novos modos de subjetividade,
diferentes daqueles propostos pelo poder. Entretanto, contrariamente ao que propôs Foucault,
o filósofo norte-americano neopragmatista Richard Rorty, conhecido por propor uma filosofia
edificante, afirma na obra Contingência, ironia e solidariedade (2007) que as ideias do filósofo
francês, embora tentem se desvencilhar da concepção moderna de subjetividade, ainda se
mantêm atreladas a ela. Assim, a pesquisa pretende explorar os argumentos rortyanos que
justificam às objeções a Foucault, e com base na análise de textos específicos de ambos os
autores, busca identificar até que ponto a crítica neopragmatista está correta ao afirmar que a
concepção foucaultiana ainda está presa à subjetividade moderna ou até que ponto há algum
tipo de ruptura.