O presente trabalho investiga a relação entre a filosofia da práxis no ensino médio e o cinema, visto que esse pode ser uma das possibilidades de mediação para a apropriação e a reelaboração do acervo filosófico construído pelo sujeito histórico. O estudo fundamenta-se no pensamento de Gramsci e, para tanto, foram analisados alguns Cadernos do Cárcere, bem como o pensamento de seus intérpretes. Pelo estudo realizado, percebe-se que o ímpeto filosófico é inerente ao ser humano, na medida em que cada sujeito possui uma determinada concepção de mundo por meio da qual compreende a sua realidade e indaga sobre ela, mesmo que de forma não sistematizada. Não se pode compreender a filosofia como um exercício intelectual distante da realidade, mas como uma prática política e cultural que desempenha um papel ativo na transformação do mundo. Gramsci entende que a educação, a cultura e a economia estão intimamente ligadas à atividade filosófica, posto que o humano aprende a ser ele mesmo em um contexto de múltiplas determinações. Nesse sentido, ao mesmo tempo em que o ser social organiza a sociedade, ele também é conformado por ela, o que não significa a anulação absoluta de sua liberdade, mas que sua visão de mundo resulta de um determinado contexto econômico, político, social e cultural. Ademais, Gramsci concebe o aprendizado como construção, pois ao tempo em que o sujeito histórico assimila o conhecimento herdado e adquirido, também o reelabora para a intervenção crítica na sociedade em que faz parte. Daí que a escola, pensada pelo filósofo, cumpre o importante papel de não somente transmitir o arcabouço teórico-cultural da humanidade, como também ser veículo de aquisição e transformação de uma cultura hegemônica por uma nova hegemonia emancipadora. Assim, espera-se contribuir para que o ensino, fundamentado na filosofia da práxis, por meio do cinema, tenha um caráter provocador para a reflexão crítica e para a superação da sociabilidade legitimadora da subalternidade. Daí acreditarmos ser o cinema um poderoso recurso, desde que o professor de filosofia assuma uma postura semelhante à do intelectual orgânico, que visa refletir sobre as diversas questões do cotidiano dos sujeitos sociais para elevá-los do senso comum à consciência filosófica. Portanto, Gramsci compreende que a filosofia, a educação e a escola são constructos históricos que não podem estar à serviço da subalternização dos indivíduos. Mas, que promovam uma cultura para a formação humanista, comprometida com o desenvolvimento das diversas dimensões dos sujeitos sociais.