As vivências da maternidade se expressam de diferentes formas, são multicausais e polissêmicas. Entretanto, apesar das transformações sociohistóricas, em grande parte promovidas pelos movimentos feministas, ainda guardam padrões extremamente rígidos e impositivos que se apoiam na ideia de maternidade como algo inerente à condição de mulher atrelando-a, inapelavelmente, as condições biológicas que possibilitam a gravidez. Ideias deterministas que não alcançam a produção da maternidade como algo situado no campo sócio-político-cultural e que, portanto, tem muitos outros condicionantes como aqueles que entrelaçam as relações de classe, gênero e raça. Neste sentido, trazemos para debate as compreensões de maternidade, especialmente, na sua produção em contexto de violação de direitos. Propomos como objetivo geral: compreender os significados partilhados e os sentidos atribuídos à maternidade por mulheres(mães), em condição de vulnerabilidade social, acompanhadas pelo CREAS na cidade de Parnaíba -PI, e suas implicações na produção subjetiva. Tomaremos como categoria analítico-propositiva o sofrimento ético político levando em consideração a perspectiva interseccional, com os atravessamentos de gênero, raça, classe. Temos como objetivos específicos: 1) Identificar os significados de maternidade partilhados pelas mulheres mães atendidas no CREAS na cidade de Parnaíba -PI; 2) Mapear sentidos/afetos produzidos pelo exercício da maternidade das usuárias mães acompanhadas pelo CREAS e funcionárias da instituição; 3) Levantar o perfil sociodemográfico das mulheres mães acompanhadas pelo CREAS; 4) Analisar criticamente as estratégias e ações das políticas de assistenciais sociais para as mulheres mães. Para a realização do estudo adotaremos a pesquisa qualitativa e os fundamentos teórico-metodológicos da pesquisa-ação-participante através da realização de entrevistas semiestruturadas com as profissionais do CREAS e dos encontros grupais com as usuárias mães acompanhadas pela Psicologia. Os dados encontrados serão gravados e posteriormente transcritos, para serem sistematizados de acordo com o que propõe Minayo, utilizaremos como passos: 1) Ordenação dos dados; 2) Classificação dos dados e 3) Análise final. Pretendemos que o presente contribua para o fortalecimento de processos de subjetivação potentes à transformação da vida de mulheres/mães em situação de violação de direitos e de todas as mulheres envolvidas (inclusive a minha), bem como, para as mudanças necessárias no serviço psicossocial prestado no âmbito do CREAS.