A temática da não monogamia tem ganhado visibilidade nos últimos 5 anos,
especialmente nas mídias e nas redes sociais, ficando conhecida como oposta à
monogamia e como a suposta salvação para os percalços e as toxicidades
monogâmicas. Se por um lado a monogamia está arreigada às ideias de posse e
controle, por outro, a não monogamia apareca atrelada à liberdade e à pureza.
Todavia, as ideias de monoteísmo, monocultura e monogamia tangem a
organização da sociedade ocidental moderna desde a colonização e reverberam
na subjetividade de sujeitas e sujeitos, independentemente de como se
estabeleçam seus vínculos afetivos/amorosos/sexuais. Com isso, nos dispomos a
investigar os atravessamentos da colonialidade nos processos de subjetivação de
mulheres não monogâmicas. Esta pesquisa visa cartografar os processos de
subjetivação e dessubjetivação de mulheres que se interessam por práticas não-
monogâmicas, a partir de contribuições de epistemologias da filosofia da
diferença, decoloniais e anticoloniais. Nesse viés, para construção desse estudo,
tomamos estrategicamente uma escrita cartográfica, entendendo-a como
processual, coletiva e rizomática, a fim de alcançar a complexidade dos
fenômenos e situações investigadas em sua multiplicidade de dimensões. A partir
de encontros coletivos e individuais visamos a troca de experiências e afetações
junto à essas mulheres, buscando conhecer e aprofundar as multiplicidades e
singularidades das diferentes formas de afeto.