RESUMO
SOUSA, Dayana Maria Pessoa. A contribuição da Farmácia Clínica nos indicadores clínicos e econômicos relacionados a farmacoterapia de mulheres internadas em uma Unidade de Terapia Intensiva Obstétrica. Dissertação (Mestrado em Saúde da Mulher). Programa de Pós-Graduação em Saúde da Mulher, Universidade Federal do Piauí, 2017.
Estudos demonstram a influência da atuação do farmacêutico clínico incorporado à equipe multiprofissional da unidade de terapia intensiva (UTI) na melhoria de indicadores clínicos e econômicos, porém poucos são realizados contemplando a área de saúde da mulher. O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da intervenção farmacêutica nos indicadores clínicos e econômicos relacionados à farmacoterapia de mulheres internadas em uma UTI obstétrica. A pesquisa foi dividida em três capítulos. O Capítulo 1 apresenta uma revisão integrativa da literatura que demonstrou uma tendência no aumento do número de publicações de avaliações econômicas de serviços de farmácia clínica em UTI e também uma evolução no rigor metodológico na realização de tais estudos. Foi possível categorizar quatro tipos de métodos econômicos utilizados na mensuração de resultados econômicos de serviços de Farmácia Clínica em UTI e a eles foram atribuídas variações de aumento e redução de custos. O Capítulo 2 mostra a avaliação da influência da intervenção farmacêutica na redução de erros de prescrição, no tempo de internação e mortalidade relacionados à terapia medicamentosa de mulheres internadas em uma UTI obstétrica. O estudo foi realizado comparando três períodos: fase pré-intervenção; fase de intervenção; e fase pós-intervenção. O estudo teve duração de 42 semanas, com a participação de 222 mulheres. Foram identificados 244 erros de prescrição em todas as fases do estudo, dos quais 104 foram prevenidos através de 120 intervenções realizadas. Verificou-se uma redução significativa do indicador erros de prescrição não prevenidos/paciente na fase de intervenção. Conclui-se que a realização de intervenções farmacêuticas contribuiu para a prevenção de erros de prescrição provenientes da farmacoterapia na área de terapia intensiva na saúde da mulher. No Capítulo 3 foram mensurados os indicadores econômicos relacionados a atuação do farmacêutico na UTI obstétrica. Na fase pré-intervenção, a média de custos com medicamentos por paciente foi de R$ 122,93 (±191,22); na fase pós-intervenção, a média foi de R$ 309,57 (±1.359,41) por paciente e; na fase de intervenção, a média foi de R$ 252,88 (±471,72) por paciente. Verificou-se uma diferença de R$ 1.022,45 entre os custos da farmacoterapia prescrita pelo médico e a sugerida pelo farmacêutico. Das 120 intervenções farmacêuticas realizadas 44 (36,7%) resultaram em diminuição dos custos e 43 (35,8%) intervenções foram responsáveis por aumento nos custos, sendo que nas demais 33 (27,5%) intervenções os valores foram mantidos. Houve diferença estatística significativa entre os custos com a farmacoterapia de pacientes admitidas com diagnóstico de sepse em relação a síndromes hipertensivas e hemorrágicas nas fases do estudo. Os medicamentos anti-infecciosos gerais foram responsáveis por maiores custos globais com medicamentos nas três fases. Diante disso, o aumento de custo verificado na fase de intervenção não pode ser atribuído isoladamente à atuação do farmacêutico visto que diferenças de custos significativas também foram verificadas entre as fases sem intervenção. Destaca-se o valor clínico das intervenções farmacêuticas para a segurança do paciente que se sobressaem aos custos avaliados.