Esta pesquisa se insere no âmbito da Metalexicografia e tem, como objetivo geral, analisar o tratamento dado aos regionalismos do campo semântico Jogos e diversões infantis do Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) no Dicionário eletrônico Houaiss da língua portuguesa (DEH) e no Dicionário eletrônico Aurélio da língua portuguesa (DEA). Os objetivos específicos são verificar como esses regionalismos e suas variantes são tratados nos dicionários; identificar quais as convergências e as divergências entre os dados do ALiB e dos dicionários quanto à localização geográfica dos regionalismos; identificar as variantes que são registradas ou não nos dicionários; e, por fim, propor, quando cabível, algumas possíveis soluções para um tratamento adequado dos regionalismos. Para atingir tais objetivos, foi traçado o seguinte percurso metodológico: 1) levantamento das variantes lexicais do campo semântico Jogos e diversões infantis presentes no ALiB; 2) consulta no DEH e no DEA das variantes lexicais selecionadas, a fim de perceber como elas estão registradas e o que se diz sobre elas, sobretudo quanto à localização geográfica; 3) comparação entre as informações dadas no ALiB e nos dicionários; 4) elaboração de quadros para a organização dos dados comparados, classificando-os como convergentes ou divergentes; 5) elaboração de quadro para a classificação das variantes em diferentes categorias, segundo o tratamento que elas recebem nos dicionários. A pesquisa partiu das discussões a respeito do problema do tratamento de regionalismos em dicionários, baseadas em Isquerdo (2006, 2007) e em Fajardo (1996-1997). Esses autores afirmam que os dicionários devem se basear em pesquisas dialetológicas e geolinguísticas à hora de precisar a natureza dos regionalismos. Este trabalho também se fundamentou na discussão sobre a formação sócio-histórica do português brasileiro, segundo autores como Lucchesi (2015), Faraco (2016), Rodrigues (2010), entre outros; das discussões sobre a Lexicografia e a Metalexicografia, baseando-se em autores como Welker (2004), Biderman (1984) e Haensch (1982), entre outros, e dos estudos sobre a Dialetologia, fundamentando-se em Cardoso (2010). Com a análise dos dados, percebeu-se que a maioria das informações dos dicionários sobre determinados regionalismos divergem do ALiB. Além disso, foi possível detectar diferentes formas de tratamento de regionalismos nos dicionários analisados, quais sejam: i) não registro de variantes; ii) registro de variantes, mas sem acepção que se refira a jogo, brinquedo ou brincadeira; iii) registro de variantes, mas sem localização geográfica; iv) registro de variantes com localização geográfica. Diante disso, foi possível perceber a necessidade dos dicionários de atualizarem as informações sobre regionalismos, sobretudo quanto à localização geográfica, baseando-se, principalmente, em atlas linguísticos.