A presença marcante da literatura de massa na escola passa a reivindicar novos discursos em prol da compreensão de fenômenos que envolvem leitores, preferências de leituras e contextos subjetivos. Nesse sentido, temos percebido um forte apreço dos alunos pela leitura de best-sellers, livros que passam a dividir espaço com a literatura canônica, prioridade no ensino de literatura nas instituições escolares. Nesse contexto, o intento desse trabalho é compreender a recepção dos best-sellers da cultura de massa e da literatura canônica no processo de formação de leitores no Ensino Médio. Para tanto, realizamos uma pesquisa de campo aplicada com alunos das 3a séries do Ensino Médio de uma escola pública estadual da zona urbana da cidade de Buriti dos Lopes-PI. O universo da pesquisa compreendeu um público de 53 alunos e um professor de Língua Portuguesa, que responderam um questionário cujo objetivo foi conhecer o perfil dos participantes, considerando sua relação com a leitura de maneira geral, e com o ensino e leitura da literatura. Destes, foi selecionada apenas uma amostra de 05 alunos (aqueles que se mostraram leitores efetivos de best-sellers e que tiveram em comum a leitura de um mesmo livro, nesse caso, O diário de Anne Frank) para participar da entrevista, a fim de melhor compreendermos suas relações e percepções do best-seller lido. Com a obra O diário de Anne Frank desenvolvemos uma sequência didática, que atende e amplia os horizontes de expectativas dos estudantes. Para fundamentar esta pesquisa, o referencial teórico contempla os pressupostos teóricos da literatura e sua abordagem em contexto escolar, privilegiando aspectos como: a natureza e a função do texto literário, a leitura da literatura e seu processo de recepção, o ensino da literatura e sua importância na formação de leitores, hoje. Dessa forma, apoiamo-nos nos trabalhos de Eco (2010) - (2011), Candido (1972), Jauss (1996), Iser (1999), Chartier (2011), Bourdieu (2001) - (1996), Abreu (2006), Petit (2009), Rouxel (2012), Bordini e Aguiar (1993), Zilberman (1988) – (2017), Colomer (2011), Perrone-Moisés (2016), Calvino (2002), Machado (2002), BNCC (2017). Assim como também, questões concernentes à realidade de leitura dos sujeitos escolares dentro e fora da escola, para tanto, tratamos de fatores como: o cânone literário, indústria cultural, mercado editorial e literatura de massa. Nesse sentido, foram basilares os estudos de Horkheimer e Adorno (1985), Epstein (2002), Thompson (2013), Caldas (2000), Sodré (1988), Reimão (2018), entre outros. Na análise e discussão dos dados, constatamos que, praticamente, 50% dos participantes da pesquisa se intitularam não leitores assíduos, e registram nas suas leituras esporádicas a presença ferrenha da literatura de massa, estando, inclusive, entre suas leituras preferidas. Em contrapartida, verificamos a falta de vivência e o afastamento dos alunos da literatura canônica, em razão de metodologias que, geralmente, não permitem a experimentação das potencialidades do texto literário. Destarte, esperamos gerar conhecimentos sobre as relações entre cânone e best-seller na escola, e contribuir para se pensar o aproveitamento de novas leituras fora da literatura canônica na formação de leitores.