A educação bilíngue é um campo de ensino e pesquisa polêmico, tanto no nível teórico quanto no nível prático (Mello, 2010). Os questionamentos sobre a educação bi/multilíngue são complexos, recentes e envolvem conceitos e pressupostos variáveis e confusos, falta de conhecimento dos pais, dos professores e das autoridades sobre o assunto, além da necessidade de haver mais discussões sobre o ensino de uma língua adicional dentro do contexto escolar bilíngue, assim como mais pesquisas que tratem do assunto. Aprender uma língua é um processo que envolve complexidade e, quando esse processo acontece em escolas bilíngues, além da complexidade, é preciso lidar também com um ambiente de aprendizagem novo, com poucas pesquisas e com professores ainda em formação para atuarem nesse cenário. Para Marcelino (2009), a escola bilíngue deveria contemplar um local de estudos, de formação e de evolução de uma nova concepção de escola. No momento atual, as escolas bi/multilíngues abrangem classes sociais elitistas, conforme Megale (2019), pois essas escolas abordam línguas de prestígio consideradas primordiais para o sucesso profissional, além de terem mensalidades poucos acessíveis às demais camadas da população. Poucas são as iniciativas públicas que oferecem oportunidades de aprendizagem bilíngue para as classes menos favorecidas. Esta pesquisa tem como objetivo contribuir para que futuras propostas de escolas bilíngues públicas possam se ancorar no conhecimento já produzido no processo de implementação de escolas bilíngues públicas já existentes, pretendendo quebrar um ciclo no qual as melhores possibilidades se restringem à elite, oportunizando uma educação pública que ofereça a possibilidade de desenvolvimento linguístico e intercultural, além da entrada em culturas múltiplas e desenvolvimento de processos metacognitivos e metalinguísticos para expansão cultural e linguística (Gazzotti e Liberali, 2014), pois acredito que educação de qualidade e bi/multilíngue é um direito de todos. Esta pesquisa define-se como bibliográfica (Matos, Vieira, 2002), estudo de caso (Fonseca, 2002; Ludke e André, 1986) além de se caracterizar como análise documental (Sá-Silva, Almeida e Guindani, 2009). Nesse sentido, esta pesquisa evidenciará contribuir com a educação pública bi/multilíngue através da construção de uma sociedade mais justa e igualitária, buscando trazer para a escola uma visão heteroglóssica da linguagem e, ao mesmo tempo, enfrentar o sistema colonial, para que todos possam ter a oportunidade de renunciar a expectação e exigir a ingerência, não se satisfazendo apenas em assistir, mas querer participar (FREIRE, 1967). Afinal, “a educação é um ato de amor, por isso, um ato de coragem” (idem, p. 104).