Esta tese é uma pesquisa desenvolvida a partir de pressupostos teóricometodológicos da Historiografia Linguística (HL) e possui como objetivo geral: propor uma narrativa historiográfica, pautada na HL, do desenvolvimento da Sociolinguística no Brasil, tendo como base a veiculação do conhecimento relativo à área em dissertações de mestrado e teses de doutorado produzidas entre 1972 e 2010. Para alcançá-lo, traçamos como objetivos específicos: i) compreender a relação entre os panoramas sócio-histórico, linguístico e educacional brasileiro, de 1972 a 2010, tendo como suporte o princípio da contextualização (Koerner, 1996 [1995]), e a institucionalização da Sociolinguística como área de conhecimento no país; ii) mapear os líderes intelectuais e organizacionais (Murray, 1994) que possibilitaram o início e o desenvolvimento, no Brasil, dos estudos sociolinguísticos, assim como a formação de grupos de especialidade da área; iii) analisar as redes de relações entre pesquisadores e instituições; iv) investigar as interfaces mais produtivas da Sociolinguística com as outras disciplinas/áreas do conhecimento e de que forma isso pode ter contribuído para as características que o campo sociolinguístico adquiriu no país; e v) identificar continuidades e descontinuidades (Koerner, 1989a) no desenvolvimento da Sociolinguística brasileira. No que reporta à metodologia, utilizamos o mapeamento (Coelho; Nóbrega; Alves, 2021) para levantar, organizar e sistematizar os dados, que estão sendo analisados tomando como base parâmetros externos (ano de defesa, autoria, orientação, tipo (Mestrado/Doutorado) e instituição) e internos (título, objeto, abordagem, autovinculação à vertente de estudos sociolinguísticos e interface). Na composição do corpus, inicialmente, partimos de quatro fontes: Anthony Julius Naro e a linguística no Brasil: uma homenagem acadêmica (org. Votre; Roncarati, 2008); Sociolinguística no Brasil: uma contribuição dos estudos sobre línguas em/de contato: homenagem ao professor Jürgen Heye (org. Savedra; Salgado, 2009); Ensino de Português e Sociolinguística (org. Martins; Vieira; Tavares, 2020); e A Sociolinguística laboviana: festejando o cinquentenário e planejando o futuro (Oliveira, 2016). Por termos a intenção de realizar uma investigação de pretensão exaustiva, acrescentamos a esse corpus textos pesquisados na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD) e no Repositório de Teses e Dissertações da CAPES. Por fim, consultamos o Currículo Lattes dos pesquisadores que apareceram nos levantamentos anteriores como orientadores dos trabalhos stricto sensu. Ao todo, mapeamos 558 (quinhentas e cinquenta e oito) dissertações e teses, que constituem as nossas fontes primárias de pesquisa. A análise parcial dos dados constatou a presença da Sociolinguística em todas as regiões do Brasil, mas com expressiva disparidade quantitativa: a região Sudeste, principalmente no primeiro período considerado no recorte (1972-1980), foi predominante no desenvolvimento dos estudos sociolinguísticos, e a região Norte foi aquela emque esses estudos apareceram mais tardiamente. Assim, observamos que a consolidação da área no país ocorreu de forma desigual, com a região Sudeste sendo o centro de irradiação.