O trabalho propõe uma investigação e uma análise sobre os impactos do home office associado à prática jornalística em tempos de pandemia de Covid-19. Ao trazer essa perspectiva para o cenário local, escolheu-se a Rede Clube de Televisão para ambientar o projeto, tendo como objeto de estudo, os jornalistas da emissora que foram submetidos à modalidade remota em domicílio durante a pandemia. O home office, como fruto da combinação entre avanços tecnológicos e rotinas produtivas, já era uma realidade do fazer jornalístico. Todavia, no contexto pandêmico, essa configuração de trabalho ganhou força e foi adotada de forma emergencial pelos profissionais e pelas organizações, para estancar os efeitos da crise sanitária no mundo do trabalho. No entanto, são muitas as contradições que permeiam essa modalidade, revelando aspectos de vulnerabilidade no que se refere à saúde física e mental dos trabalhadores, invasão de privacidade, aumento das jornadas laborativas, violação e desregulamentação dos direitos trabalhistas, além da intensificação da precarização do trabalho. O estudo tem como base teórica a Economia Política da Comunicação, a partir de sua abordagem crítica. Para tanto, tomou-se como aporte Figaro (2020), por sua vasta contribuição ao jornalismo pela ótica do trabalho, Bolaño (2022), pelo olhar apurado quanto às questões que envolvem a subsunção do trabalho, as concepções de Grohmann (2021) sobre o trabalho plataformizado, além de Antunes (2009), por sua sensibilidade e representação em defesa da “classe-que-vive-do-trabalho”, dentre outros importantes autores que atravessaram essa discussão. Diante do exposto, faz-se necessário avaliar os desdobramentos dessa modalidade nas rotinas de produção da classe trabalhadora, à medida que essa reconfiguração laboral avança, causando efeitos das mais diversas ordens no mundo do trabalho contemporâneo.