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Banca de QUALIFICAÇÃO: ANDRESSA RAMALHO COSTA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: ANDRESSA RAMALHO COSTA
DATA: 14/12/2022
HORA: 16:30
LOCAL: Online/Remoto - Google Meet
TÍTULO: Cartografia de Participação Política das Mulheres
PALAVRAS-CHAVES: Participação política; Feminismos; Insciente colonial capitalistico; Biopoder; Cartografia.
PÁGINAS: 50
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Psicologia
RESUMO:

Introdução: A mulher, essa categoria inventada, esteve, ao longo da história, em sua maioria, alçada ao lugar do trabalho doméstico e à reprodução das lógicas do capitalismo como diz Silvia Federici (2021), ao ponto que se naturaliza “conversa de política é coisa de homem”. E dessa forma o Estado vai decidindo sobre o direito aos nossos corpos. No Brasil, as mulheres representam 51,8% do total da população (IBGE, 2019). Mesmo sendo maioria demográfica na população e eleitoral (as mulheres correspondem a 52,7% do eleitorado, contra 47,2% de homens) as mulheres ocupam apenas 15% da Câmara Legislativa Federal, a chamada câmera baixa, das cadeiras de políticas eleitas contra uma população majoritária de homens correspondendo a 85% (Biroli, 2018). Em 20 cidades brasileiras nas quais as mulheres concorreram ao governo, nas eleições municipais de 2020, somente 7 delas se tornaram prefeitas e das 33,7 % mulheres do total que participaram das eleições em 2022, somente duas se tornaram governadoras estaduais, dentre elas, uma foi reeleita para governar o Rio Grande do Norte em seu segundo mandato e outra para governar Pernambuco. Não obstante, foi o pleito das eleições municipais de 2020 considerado com maior participação de candidaturas femininas e de mulheres eleitas. É merecido destaque para as candidaturas coletivas e compartilhadas. Estas passaram de 13 registros nas eleições de 2016, para 257 em 2020 segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE, 2020). Os estudos (Russo, 2020) apontam que tal aumento deve-se à crise de representatividade da política brasileira, a uma estratégia dos partidos de ganhar mais votos e financiamento ao sucesso de candidaturas coletivas e compartilhadas. Apesar da sub-representação feminina na política representativa, as mulheres desenvolvem importante participação política nacional, a partir de movimentos feministas desde as primeiras lutas das sufragistas pelo direito ao voto. Estes movimentos reivindicam além de direitos equânime entre mulheres e homens, uma sociedade menos desigual no que se refere à raça, à classe, à orientação sexual e identidade de gênero. O movimento das mulheres negras, por exemplo, vem ampliando a discussão tendo a luta contra o racismo o disparador central para a busca por justiça social. São as mulheres negras e pobres as mais afetadas com o agravamento da miséria no capitalismo. Mulheres negras e jovens também são as maiores vítimas da violência de gênero na sociedade brasileira. Outro destaque das reivindicações dos movimentos feministas é no que diz respeito a remuneração salarial: as mulheres, mesmo mais escolarizadas ganham menos que os homens exercendo as mesmas funções. Bem como também destaca-se a luta transnacional do direito a capacidades reprodutivas das mulheres. Luta esta representada por grandes manifestações de rua como a Marcha das Vadias que ocorre em diversos países. Também na América Latina as discussões de gênero estão relacionadas ao direito das mulheres em torno do acesso ao estudo e em defesa de políticas públicas que reconheçam suas particularidades e que assegurem outros direitos. Observa-se também o crescente destaque do transfeminismo na participação política representativa. Erika Hilton não só foi a primeira mulher-trans eleita vereadora em São Paulo (SP) como também a vereadora mais votada do País nas eleições de 2020. Duda Salabert, também mulher-trans, foi a vereadora mais votada em Belo Horizonte (MG). Mulheres, estas, advinda de movimentos sociais em defesa da população LGBTQIA+, luta antirracista e anticapitalista. No pleito de 2022, ambas as mulheres foram eleitas deputadas federais em seus respectivos estados. É importante destacar que o feminismo não se restringe a um essencialíssimo identitário, por isso o uso da palavra “feminismos”, compreendendo que está ligado a uma pluralidade do próprio conceito de gênero. A luta feminista também abrange a luta de classe, de raça, sexualidade e de direitos trabalhistas, luta por moradia, reforma agrária (como as mulheres camponesas), direitos reprodutivos (descriminalização do aborto) e preservação ambiental. O desmonte de direitos, as novas configurações do trabalho, ascensão da direita e do conservadorismo, o neoliberalismo financeirizado, seus efeitos na sociedade brasileira, a partir do governo de Jair Bolsonaro (2019-2022), principalmente em grupos minoritários são entradas para problematizar a questão da participação política das mulheres contra o regime do capitalismo globalitário neoliberal financeirizado, mas principalmente para me perguntar como se dá a produção de subjetividades das mulheres frente a questões macro e micropolíticas inerentes ao ser um corpo político no mundo. A participação política das mulheres, na cidade de Parnaíba-Piauí-Brasil, entre processos políticos instituídos e uma política menor, tornou-se uma questão de pesquisa para mim. Acompanhava avidamente os desdobramentos do Golpe de 2016, contra a primeira mulher eleita Presidenta da República, Dilma Rousseff, a prisão de Lula (em sete de abril de 2018 afim de impedir sua candidatura à presidência da república), as discussões jurídicas da lava jato, o golpe na Bolívia contra o governo do presidente Evo Morales em 10 de novembro de 2019, a eleição de Alberto Fernández com a volta de Cristina Kirchner na Argentina em 27 de outubro de 2019, a volta que a esquerda e os povos nativos da Bolívia deram no recente golpe com a eleição de Arce para a Presidência do país em outubro de 2020, manifestações no Chile e eleições em dezembro de 2021, luta pelo direito ao aborto legal na Argentina no final de 2020. Também em 2016, a partir do crime hediondo que retirou a vida de Lucina Pérez (16 anos), na Argentina, surgiu o movimento “Nenhuma a menos” ou “Ni Una Menos”. Objetivos: Geral: Cartografar processos de subjetivação e participação das mulheres entre processos políticos instituídos e instituintes; Específicos: a) Mapear os diferentes contextos de participação política das mulheres; b) Analisar como a participação política dessas mulheres se veiculam nos acontecimentos como a eleição; c) Analisar a participação política das mulheres numa perspectiva de uma política menor. Método: Pretendo compor os espaços de atuação política das mulheres no cotidiano da cidade em andanças por suas atuações políticas, em confluência com a minha própria atuação, cartografando esses encontros utilizando os diários cartográficos, imagens e recursos do áudio visual, por meio da participação observante visto que estou inserida na pesquisa não só como pesquisadora mas confluindo com as outras mulheres em um comum, partilhando os espaços e aliando-me nos movimentos a que essas mulheres pertencem. As mulheres escolhidas para a pesquisa são mulheres-líderes e participantes de movimentos sociais instituídos mas que também compõe uma militância micropolítica no cotidiano. São movimentos de contextos diversos como o movimento dos pescadores e pescadoras da pesca artesanal (MPP), contexto da arte e hip hop com o slam, contexto de militância feminista com o ‘Mulheres em pauta’ – movimento feminista voltado a luta por direitos das mulheres, contexto de travestilidade e contexto partidário. A cartografia é um método que visa acompanhar processos (Deleuze e Guattari, 1995), investigar um processo de produção (Kastrup, 2009) e é em produção que me encontro com essas mulheres na cidade para compor uma agência (Butler, 2018) em ato numa perspectiva ética, estética e política (Guattari, 1992). Resultados: Percebe-se a afirmação da vida dessas mulheres por meio de uma política menor. Política menor é uma política que não está necessariamente agenciada pelas instituições, como partidos políticos, sindicatos, associações e outras organizações sociais, mas a partir de um devir comum minoritário, um devir comunitário. A participação política dessas mulheres se dá a partir das assembleias (Butler, 2018) construídas nesse devir comum minoritário. Percebe-se também que os conceitos vão se atualizando de acordo com a agencia política e lugar de representação e representatividade, e que para produzir um agenciamento coletivo do desejo a partir das agências é preciso devir outra.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 2231565 - ANTONIO VLADIMIR FELIX DA SILVA
Interno - 1402780 - GUILHERME AUGUSTO SOUZA PRADO
Externo à Instituição - MICHELE DE FREITAS FARIA DE VASCONCELOS - UFS
Notícia cadastrada em: 30/11/2022 10:53
SIGAA | Superintendência de Tecnologia da Informação - STI/UFPI - (86) 3215-1124 | © UFRN | sigjb03.ufpi.br.sigaa 25/04/2024 08:12