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Banca de QUALIFICAÇÃO: CLEITON UCHÔA DE MELO

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: CLEITON UCHÔA DE MELO
DATA: 13/12/2022
HORA: 10:30
LOCAL: Online/Remoto - Google Meet
TÍTULO: RUMINAÇÃO E PERCEPÇÃO DE RISCO DA COVID 19 E SEUS CORRELATOS: ADAPTAÇÃO E VALIDAÇÃO PARA O CONTEXTO BRASILEIRO
PALAVRAS-CHAVES: ruminação; percepção de risco; COVID-19; validade; precisão
PÁGINAS: 50
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Psicologia
RESUMO:

Introdução. Tendo em vista a gravidade da pandemia de COVID-19 e o desconhecimento dos seus efeitos a longo prazo, este estudo pretendeu adaptar dois instrumentos que avaliam a ruminação e a percepção de risco específicos da COVID-19. A literatura aponta que a exposição a eventos estressantes está associada longitudinalmente ao aumento do envolvimento na ruminação e que, neste contexto, uma maior percepção de risco está relacionada a níveis mais altos de estados emocionais específicos (como medo e ansiedade) e sofrimento psíquico. Deste modo, espera-se preencher uma lacuna percebida no cenário nacional referente a estas temáticas, oferecendo instrumentos que permitam avaliar os construtos de forma rápida e precisa, além de ajudar na compreensão de seus correlatos. Fundamentação Teórica. O fenômeno da ruminação é caracterizado como uma série de pensamentos repetitivos, persistentes e focados em eventos ou sentimentos negativos, desagradáveis ou ameaçadores ao sujeito, bem como, nas causas ou consequências destes. A ruminação pode ainda ser classificada em dois tipos, positiva ou negativa, a depender dos seus efeitos nas emoções e nos sintomas psicopatológicos, do contexto intrapessoal e situacional em que ocorre, do foco do conteúdo ruminativo e da sua duração. Além disso, é considerada uma vulnerabilidade cognitiva para vários distúrbios de ansiedade, humor e alimentação e, implicada ao processo de rememoração de experiências, pode ter efeitos intensificadores negativos no humor. Dentro do contexto pandêmico atual, a ruminação está relacionada à exaustão, pior qualidade do sono e diminuição do rigor para o trabalho, estando positivamente correlacionada a maiores índices de sintomas depressivos. Já a percepção de risco é definida como a avaliação psicológica individual calculada através de uma consideração da gravidade e probabilidade de um determinado evento adverso
ocorrer. Esta percepção reflete as avaliações intuitivas dos sujeitos sobre vários perigos aos quais eles estão ou podem estar expostos e é o que permite aos indivíduos tomar consciência de eventos externos, inclusive os fatores e índices de risco. Em epidemias passadas, as percepções de ameaça ou risco para si mesmo se mostraram um forte motivador na decisão de tomar ações relacionadas à saúde e proteção pessoal ou mesmo comportamentos potencialmente prejudiciais, à exemplo da automedicação. Dito isso, apesar de o estresse e a preocupação serem respostas comuns em situações ameaçadoras, marcadas pela incerteza ou cuja resolução se encontre além do controle individual, estudos mostram que o foco da atenção na pandemia de COVID-19 impactou significativamente as emoções dos participantes com o aumento de emoções negativas e a diminuição de positivas, mesmo em indivíduos saudáveis e em isolamento doméstico. Objetivos. Este estudo teve como objetivo adaptar as medidas COVID‐19 Rumination Scale (C‐19RS) e a COVID-19 Perceived Risk Scale (CPRS), buscando averiguar evidências de validade e de precisão das medidas. E como objetivos específicos: (1) adaptar as medidas C‐19RS e CPRS para o contexto brasileiro, (2) reunir evidências de validade interna e precisão dos instrumentos, além de (3) verificar evidências de validade convergente para medidas externas. Método. Inicialmente, as medidas foram traduzidas e adaptadas para o contexto brasileiro por meio do método de tradução reversa (back-translation). Logo após, o projeto foi submetido à Plataforma Brasil e, em seguida, ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Delta do Parnaíba, seguindo as normas e as recomendações das resoluções 466/12 e 510/16 do Conselho Nacional de Saúde, referentes a realização de pesquisas com seres humanos, recebendo parecer favorável (Número do parecer: 5.158.825 / CAAE: 53971121.1.0000.0192). A coleta dos dados ocorreu no formato eletrônico, sendo disponibilizado aos participantes um link em redes sociais e aplicativos de mensagens e e-mails, tendo-se em conta a técnica de bola de neve. A coleta de dados aconteceu entre os meses de dezembro de 2021 e fevereiro de 2022, época em que se encerrava a segunda onda de transmissão da COVID-19 e despontava uma nova onda com a variante Ômicron, coincidindo com as festas de final de ano e uma maior flexibilização das medidas de segurança sanitárias impostas anteriormente. Os participantes que aceitaram contribuir com a pesquisa, iniciaram os procedimentos de coleta de dados mediante o consentimento voluntário, através do TCLE), no qual é assegurado o caráter anônimo e confidencial das respostas. Para alcançar os objetivos propostos, estimou-se a realização de dois estudos independentes. No Estudo 1, a ênfase é psicométrica, tendo como objetivo a verificação
de evidências de validade e precisão das medidas C‐19RS e CPRS). O Estudo 2 objetivou investigar evidências mais robustas da estrutura fatorial das medidas C‐19RS e CPRS no contexto brasileiro, com o intento de comprovar sua dimensionalidade e reunir evidências de validade complementares. No Estudo 1, com o SPSS, versão 28, foram realizadas estatísticas descritivas para caracterizar a amostra. Com o software Factor (12.01.04) foram realizadas Análises Fatoriais Exploratórias (AFEs) robustas, com 500 re-amostragens de bootstrap (bias-corrected and accelerated), com o objetivo de avaliar a dimensionalidade das escalas. As análises foram implementadas utilizando uma matriz de correlações policóricas, extração Minimum Rank Factor Analysis (MRFA), e quando necessário, rotação Robust Promin. Além disso, verificou-se evidências de precisão através da consistência interna pelos coeficientes alfa de Cronbach (α) e pelo ômega (ω) de McDonald. Na oportunidade, os participantes responderam as duas escalas, além de um Questionário Sociodemográfico. No Estudo 2 os dados foram tabulados e analisados através do software JASP versão 0.16.03.0, onde foram calculadas estatísticas descritivas e correlações de Pearson. Além disso, foram realizadas Análises Fatoriais Confirmatórias (AFC) robustas, com estimador DWLS e tendo em conta as matrizes de correlações policóricas, para as medidas utilizadas no Estudo 1. Os seguintes indicadores de ajustes foram tidos em conta: (1) CFI e (2) TLI admitindo-se, em ambos, valores a partir de 0,90, como referências de um modelo ajustado e (3) RMSEA e seu intervalo de confiança (IC90%), com valores inferiores a 0,06 indicando ajuste satisfatório, admitindo-se até 0,10. Finalmente, visando reunir evidências de precisão das escalas, calculou-se o ômega de McDonald. Ademais, o software também foi utilizado para calcular as correlações de Pearson, a fim de conhecer as relações entre as medidas, que possibilitaram reunir evidências de validade convergente, além de testes-t de Student para medidas independentes, a fim de identificar a influência de algumas variáveis sociodemográficas (sexo, diagnóstico prévio de COVID-19 etc) na ruminação e percepção de risco sobre o coronavírus. Na oportunidade, foram aplicadas além das medidas anteriores, as Escalas de Medo e de Ansiedade ao Coronavírus, a Escala de Comportamentos Preventivos a COVID-19 e a Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse (DASS- 21) e um questionário sociodemográfico. Resultados. No Estudo 1, participaram 233 pessoas da população geral de vários estados brasileiros, recrutados de forma não probabilística (acidental). Estes possuíam idades variando de 18 a 74 anos (M=26.88; DP= 9.88), sendo em sua maioria do Estado do Piauí (63.9%), do sexo feminino (62.2%), solteiros (72%), com ensino superior incompleto (41%). Os resultados da AFE robusta indicaram a extração de um único fator, compostos por 6 itens e índices de consistência interna (α = 0,855; ω= 0,862) igualmente favoráveis. Todos os itens saturaram com cargas fatoriais superiores a 0,74, variando de 0,742 a 0,891, o que sugere que cada item contribui substancialmente para o fator. Na CPRS, os itens mantiveram a configuração estrutural bifatorial encontrada no estudo original, com cargas fatoriais variando de 0,579 a 0,924 no fator Dimensão Cognitiva, enquanto variaram de 0,852 a 0,872 no fator Dimensão Emocional. Por fim, os índices de consistência interna (α = 0,745 e 0,862; ω= 0,749 e 0,863) indicaram bons parâmetros para os fatores Cognitivo e Emocional, respectivamente. Participaram no Estudo 2, 203 pessoas da população geral de vários estados brasileiros, recrutados de forma não probabilística (acidental). Estes possuíam idades variando de 18 a 74 anos (M=26,98; DP= 10,51), sendo em sua maioria do Estado do Piauí (63.1%), do sexo feminino (67%), solteiros (80,3%) e com ensino superior incompleto (41,4%). Para testar a estrutura unifatorial da C-19RS evidenciada no Estudo 1, foi rodada AFC robusta, com estimador DWLS. Os resultados indicaram bom ajuste para o modelo testado, com índices CFI= 0,987; TLI= 0,978; RMSEA= 0,032 (IC90%= 0,012 – 0,056) considerados adequados. Os indicadores de consistência interna sugerem adequadas evidências de fidedignidade (ω=0,851, IC95% [0,819 – 0,882] e α = 0,84, IC95% [0,803 – 0,872]). As cargas fatoriais variaram de 0,652 a 0,847. No tocante a CPRS as evidências confirmaram a estrutura bifatorial, com modelo de medição hipotético fornecendo indicadores satisfatórios de ajuste de modelo de dados: CFI= 0,994; TLI= 0,991 e RMSEA= 0,076 (IC90%= 0,044 – 0,100). As cargas fatoriais variaram de 0,486 a 0,916 no fator Dimensão Cognitiva e 0,731 a 0,853 no fator Dimensão Emocional, sendo todas significativas e diferentes de zero (λ ≠ 0; t ≥ 1,96 e p < 0,05) em ambas as dimensões. O índice de consistência interna pode ser considerado satisfatório para ambos os fatores (Cognitivo, ω= 0,815 e α = 0,800; Emocional, ω= 0,833 e α = 0,835).

 


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1398721 - ANA RAQUEL DE OLIVEIRA
Externo à Instituição - CARLOS EDUARDO PIMENTEL - UFPB
Presidente - 2730053 - EMERSON DIÓGENES DE MEDEIROS
Notícia cadastrada em: 06/12/2022 06:18
SIGAA | Superintendência de Tecnologia da Informação - STI/UFPI - (86) 3215-1124 | © UFRN | sigjb05.ufpi.br.instancia1 24/04/2024 21:46