Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: AURILENE BARROS LEAL DE OLIVEIRA
DATA: 26/05/2025
HORA: 09:00
LOCAL: PARECER TÉCNICO CAPÍTULO TEÓRICO
TÍTULO: O COLAPSO GÊMEO-ESFÉRICO NA TRILOGIA DE EVANDRO AFFONSO FERREIRA
PALAVRAS-CHAVES: Evandro Affonso Ferreira; gêmeo-esfera; Peter Sloterdijk; esferologia; proxêmica.
PÁGINAS: 35
GRANDE ÁREA: Lingüística, Letras e Artes
ÁREA: Letras
RESUMO:

Nesta tese de doutorado busco investigar o colapso gêmeo-esférico [Zwillingsblase] sofrido pelas personagens da trilogia ferreiriana Minha mãe se matou sem dizer adeus (2014a), O mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Rotterdam (2012) e Os piores dias de minha vida foram todos  (2014b), a partir do conceito de esferologia apresentado na teoria das Esferas de Peter Sloterdijk (2016, 2006, 2004). Exploro os espaços íntimos originários dos narradores da trilogia de Evandro Affonso Ferreira ao se projetarem em fuga do eu rumo às trágicas memórias vividas na microesfera, de modo a investigar a angústia do homem em meio ao abismo do suicídio, à proximidade da loucura e a agonia frente à morte, em clara posição de fatalidade, no limiar do precipício existencial. Procuro desenvolver um certo diálogo da noção esferológica sloterdijkiana com a perspectiva proxêmica halliana, ao demonstrar que tanto o espaço simbólico quanto o espaço físico-cultural são determinantes na constituição da subjetividade. Ao enveredar pelo entendimento das esferas, parto do entendimento de que os narradores da trilogia ferreiriana estão em situação de iminente precipício e que tal abismo existencial está relacionado às circunstâncias como foram rompidos os cordões dos espaços esferológicos solidários, os complementos íntimos, compreendidos neste estudo como gêmeo-esferas (Zwillingsblase). Ao propor a ideia da gêmeo-esfera estabeleço a metáfora filosófica da intimidade radical, entendida como matriz arquetípica das formas posteriores de vínculo, e que, a partir do seu colapso, evidenciam-se manifestações patológicas como culpa, esquizofrenia e tédio, discutidas à luz da filosofia de Martin Heidegger, Jean-Paul Sartre, Giles Deleuze, Félix Guattari e Albert Camus, como sintomas de esferas rompidas, esvaziadas ou deformadas, o que por sua vez, para o universo da trilogia ferreiriana, aparece como formas extremas de coabitação deformada, configurando esferas do desespero: microcosmos em que o sujeito tenta sobreviver a uma perda radical de sentido partilhado. A literatura, nesse contexto, é compreendida como cartografia do habitar e campo privilegiado de expressão das rupturas esferológicas. Deste modo, encaminho as discussões teóricas tendo como base as contribuições filosóficas de A. Camus (2019), E. Hall (1977), G. Deleuze e F. Guattari (2004), M. Heidegger (2005, 2003), J-P. Sartre (2007), P. Sloterdijk (2016, 2006, 2004), as quais dialogam com as contribuições de B. Nunes (2010), E. Leal (2010), J. Pessanha (2017), R. Cordeiro (2021), R. Ribeiro (2015, 2013); e sobre a produção literária de Evandro Affonso Ferreira, destacam-se os estudos de A. Caiuby (2017), J. Studart (2008) e outros. Esta pesquisa parte do método dedutivo e utiliza uma abordagem qualitativa, baseada na análise textual e interpretativa, com ênfase nos pressupostos da crítica literária contemporânea. Quanto os procedimentos técnicos, é bibliográfico e explicativo. Como tese, busca investigar o colapso gêmeo-esférico [Zwillingsblase] como dispositivo narrativo e filosófico nos romances em tela. No primeiro capítulo, desenvolvo a fundamentação teórica a partir da filosofia das esferas de Peter Sloterdijk, articulada ao conceito de proxêmica de Edward T. Hall. Com base na ideia da gêmeo-esfera – espaço primordial de coabitação simbólica –, investigo o colapso das esferas de intimidade. Concluo dizendo que a literatura é compreendida como cartografia existencial que expressa os modos contemporâneos de habitar o mundo em contextos de fragilidade e isolamento.

MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1626700 - CARLOS ANDRE PINHEIRO
Presidente - 1550705 - LUIZIR DE OLIVEIRA
Externo à Instituição - 115.***.***-17 - MÁRCIA MANIR MIGUEL FEITOSA - UFMA

Cadastrada em: 13/05/2025