UFDPar - EDUCAÇÃO DO CAMPO - Presencial - Parnaíba - PARFOR - Primeira Licenciatura

 

Curso  Nível  Graduação

UNIVERSIDADE FEDERAL DO DELTA DO PARNAÍBA - UFDPar

Projeto Político Pedagógico


Perfil Profissional:

O curso de Licenciatura em Educação do Campo - Área Ciências da Natureza visa formar profissionais docentes para trabalhar os conteúdos de Química, Física e Biologia de maneira contextualizada nos anos finais do Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos. Assim, seus egressos devem ser docentes que adotem práticas didático-pedagógicas coerentes com as especificidades dos objetos de estudo dessas áreas, mas também coerentes às demandas postas pela educação do e no campo.
Considerando as orientações que constam na Resolução CNE nº 1 de 2002, o professor a ser formado no curso proposto deve nortear sua prática educativa pela articulação de experiências e estudos direcionados para o mundo do trabalho, bem como para o desenvolvimento social, economicamente justo e ecologicamente sustentável. Sua prática precisa estar articulada com a identidade da escola do e no campo, podendo ocorrer em outros e diversos espaços pedagógicos, sem perder de vista essa escola como unidade educacional-transformadora da comunidade.
Não obstante, espera-se que o egresso do curso desenvolva uma prática docente que contemple a diversidade do campo em todos os seus aspectos: sociais, culturais, políticos, econômicos, de gênero, geração e etnia. Tal prática deve ainda evidenciar a relevância que os conhecimentos produzidos no âmbito das Ciências da Natureza oferecem para explicar, intervir e transformar a realidade campesina, atendendo as demandas dos sujeitos que a constituem.
Para contemplar esse processo deverão apresentar o seguinte perfil de um educador que:

• Interaja com os educandos e a comunidade, visando o desenvolvimento sustentável, respeitando as diversidades e os saberes populares;
• Incentive e possibilite saberes ligados ao planejamento, monitoramento e manejo de sistemas agroecológicos;
• Projete e execute atividades de educação baseadas nos princípios e nas Diretrizes da  Educação do Campo e atue com autonomia na construção de novos conhecimentos e práticas inovadoras no âmbito da Educação do Campo;

• Atue com respeito à especificidade da gestão das escolas no campo;
• Desenvolva processos de aprendizagem que extrapolem a formação por disciplina, professor, aluno e sala de aula;
• Estimule experiências em educação do campo com as comunidades locais, respeitando as especificidades e os saberes construídos pelos sujeitos do campo e contribua para a construção de uma vida ambientalmente sustentável;
• Articule o processo de aprendizagem formal com espaços educativos informais, como aqueles construídos nos movimentos sociais campesinos;

• Organize trabalhos pedagógicos que respeitem os espaços e tempos diferenciados da vida e da escola do e no campo;
• Construa processos de aprendizagem que analisam e possibilitam uma reflexão sobre a estrutura fundiária em nossa história, as tensões no campo entre o latifúndio, a monocultura, o agronegócio e a agricultura familiar, os problemas da reforma agrária, a expulsão da terra, os movimentos de luta pela terra e pela agricultura camponesa.
• Compreenda criticamente a história da vida campesina desde a ótica dos sujeitos subjugados pelos poderes dos que exploram, colonizam e agridem seus modos e suas vidas, suas comunidades, articulando resistência e alternativas cooperadas de emancipação e qualificação social;
• Substancie interdisciplinarmente sua formação continuada e do meio onde está baseando-a em leituras/planificações/intervenções e avaliações processuais como um modo de viver a função educativa de si e com os outros;
• Desenvolva com os sujeitos escolares e da comunidade que reconheça os saberes locais, informais e suas múltiplas relações com a educação formal;
• Empreenda alternativas inerentes à sociedade civil organizada e que impactem no desenvolvimento de manejos agroecológicos com base na agricultura familiar;
• Valorize as especificidades do planejamento do trabalho pedagógico na perspectiva emancipatória, zelando pelo papel de organização da comunidade que a Educação do e no Campo deve empreender como uma biopolítica, respeitando os espaços e tempos da vida, da escola e dos sujeitos do campo;

• Reflita permanentemente sobre a escola como formadora de sujeitos articulada ao projeto de formação humana.
• Posicione-se como sujeito capaz de refletir sobre suas atividades, capaz de reconhecer erros e de corrigir de forma ética.

Área de Atuação:
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Competências e Habilidades do Profissional:

Conforme consta na Resolução CNE nº 2 de 2019, os egressos de cursos de licenciatura devem apresentar algumas competências docentes gerais, a saber:

1. Compreender e utilizar os conhecimentos historicamente construídos para poder ensinar a realidade com engajamento na aprendizagem do estudante e na sua própria aprendizagem colaborando para a construção de uma sociedade livre, justa, democrática e inclusiva.
2. Pesquisar, investigar, refletir, realizar a análise crítica, usar a criatividade e buscar soluções tecnológicas para selecionar, organizar e planejar práticas pedagógicas desafiadoras, coerentes e significativas.
3. Valorizar e incentivar as diversas manifestações artísticas e culturais, tanto locais quanto mundiais, e a participação em práticas diversificadas da produção artístico-cultural para que o estudante possa ampliar seu repertório cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal, corporal, visual, sonora e digital – para se expressar e fazer com que o estudante amplie seu modelo de expressão ao partilhar informações, experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos, produzindo sentidos que levem ao entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas docentes, como recurso pedagógico e como ferramenta de formação, para comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos,
resolver problemas e potencializar as aprendizagens.
6. Valorizar a formação permanente para o exercício profissional, buscar atualização na sua área e afins, apropriar-se de novos conhecimentos e experiências que lhe possibilitem aperfeiçoamento profissional e eficácia e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania, ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.

7. Desenvolver argumentos com base em fatos, dados e informações científicas para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns, que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental, o consumo responsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreendendo-se na diversidade humana, reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas, desenvolver o autoconhecimento e o autocuidado nos estudantes.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem
preconceitos de qualquer natureza, para promover ambiente colaborativo nos locais de aprendizagem.
10. Agir e incentivar, pessoal e coletivamente, com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência, a abertura a diferentes opiniões e concepções pedagógicas, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários, para que o ambiente de aprendizagem possa refletir esses valores.

Além destas competências gerais, os professores da Educação Básica precisam ainda apresentar competências específicas que constituem três grandes dimensões: conhecimento profissional, prática profissional e engajamento profissional, conforme consta abaixo:

§ 1º As competências específicas da dimensão do conhecimento profissional são as seguintes:
I - dominar os objetos de conhecimento e saber como ensiná-los;
II - demonstrar conhecimento sobre os estudantes e como eles aprendem;
III - reconhecer os contextos de vida dos estudantes; e
IV - conhecer a estrutura e a governança dos sistemas educacionais.
§ 2º As competências específicas da dimensão da prática profissional compõem-se pelas seguintes ações:
I - planejar as ações de ensino que resultem em efetivas aprendizagens;
II - criar e saber gerir os ambientes de aprendizagem;
III - avaliar o desenvolvimento do educando, a aprendizagem e o ensino; e
IV - conduzir as práticas pedagógicas dos objetos do conhecimento, as competências e as habilidades.
§ 3º As competências específicas da dimensão do engajamento profissional podem ser assim discriminadas:
I - comprometer-se com o próprio desenvolvimento profissional;
II - comprometer-se com a aprendizagem dos estudantes e colocar em prática o princípio de que todos são capazes de aprender;
III - participar do Projeto Pedagógico da escola e da construção de valores democráticos; e
IV - engajar-se, profissionalmente, com as famílias e com a comunidade, visando melhorar o ambiente escolar.

Tais competências se desdobram em habilidades específicas que são listadas na mesma Resolução CNE nº 2 de 2019 e que contemplam aspectos que vão desde “demonstrar conhecimento e compreensão dos conceitos, princípios e estruturas da área da docência, do conteúdo, da etapa, do componente e da área do conhecimento na qual está sendo habilitado a ensinar” até “demonstrar conhecimento e compreensão dos conceitos, princípios e estruturas da área da docência, do conteúdo, da etapa, do componente e da área do conhecimento na qual está sendo habilitado a ensinar”.
Além dessas habilidades específicas apresentadas na referida Resolução, também destacamos:
• Apresentar sólido repertório teórico e metodológico por meio da articulação teoria e prática no desenvolvimento de uma prática educativa coerentemente contextualizada;

• Dominar conteúdos básicos que constituem objetos de estudo na área de Ciências da Natureza e objetos de ensino e aprendizagem dessa área nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio;
• Problematizar, com compromisso social, os conhecimentos científicos e o próprio processo de elaboração destes considerando as especificidades da sua área de atuação em Ciências da Natureza;
• Usar de criatividade e postura crítica na investigação e na produção de novos conhecimentos sobre a realidade do campo e suas implicações educacionais;
• Apresentar consciência crítica e reflexiva a respeito das determinações sociais, históricas e culturais da educação e da sua prática docente em escolas do e no campo;
• Compreender as relações possíveis entre a produção científica em Ciências da Natureza, a educação em ciências e diferentes propostas de divulgação científica;
• Reconhecer a dimensão política do seu fazer docente diante do seu potencial transformador da realidade, considerando as demandas específicas das comunidades do campo;
• Desenvolver estratégias de ensino que valorizem a diversidade cultural e respeitem as regionalidades e diferentes formas de trabalho e de vida no campo;
• Planejar, promover e avaliar práticas didático-pedagógicas ancoradas em currículos, projetos e calendário escolar adequados às reais necessidades, anseios e vivências de comunidades campesinas;
• Propor e realizar atividades educativas no campo nas áreas de Educação do Campo e Ciências da Natureza, mobilizando a participação da comunidade escolar nesses processos e visando a melhoria das condições de vida da coletividade contemplada.

 

Metodologia:

A metodologia que norteará o Curso de Licenciatura em Educação do Campo será a Pedagogia da Alternância em consonância com as Diretrizes Operacionais para a Educação Básica nas Escolas do Campo, no que estabelece no Art. 7º: “o ano letivo, observado o disposto nos Artigos 23, 24 e 28 da LDB 9.394/96 poderá ser estruturado independentemente do ano civil, “as atividades constantes das propostas pedagógicas das escolas, preservadas as finalidades de cada etapa da educação básica e da modalidade de ensino prevista, poderão ser organizadas e desenvolvidas em diferentes espaços pedagógicos, sempre que o exercício do direito à educação escolar e o desenvolvimento da capacidade dos alunos de aprender e de continuar aprendendo assim o exigirem”.
O Curso de Licenciatura em Educação do Campo por meio da metodologia da Pedagogia da Alternância irá assegurar a organização dos tempos e espaços formativos que se adequam à realidade do campo, assegurando as estratégias específicas de atendimento a formação e a flexibilização da organização do calendário escolar à vida e ao trabalho do campo. 

A Alternância aqui referida será desenvolvida pela conjugação de períodos alternativos de formação na Universidade e na família e/ou escola e/ou agricultura familiar desenvolvida pelo acadêmico, com a utilização de instrumentos pedagógicos específicos.
O Tempo Universidade (TU) corresponderá ao período em que o acadêmico permanece na Universidade em contato direto com o saber sistematizado, planejando e recebendo orientações dos docentes. Neste período, os acadêmicos desenvolvem as atividades comuns, previstas na formação de todos os acadêmicos independentemente da metodologia. O Tempo Comunidade corresponde ao período em que o acadêmico é motivado a partilhar seus conhecimentos e experiências de sua atividade profissional e/ou familiar, na comunidade ou nas instâncias de participação social  e de classe. Nesse período, os cursistas realizarão diversas atividades de estudo teórico das disciplinas, incluindo estudos individuais e em grupos, oficinas, registro das aprendizagens em diferentes instrumentos, socialização coletiva dos  conhecimentos e elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso.

No Tempo Comunidade (TC) o estudante desenvolverá pesquisas, projetos experimentais, atividades grupais, entre outras atividades com o auxílio do planejamento e acompanhamento pedagógico dos docentes. Nesse tempo o direcionamento da formação será na busca da aproximação dialética entre as atividades desenvolvidas em suas comunidades e as atividades curriculares, desenvolvidas na Universidade, de outra banda, no que tange aos docentes, pretende-se que estes conheçam e/ou aprofundem o modo de vida e de produção dos educandos, como possibilidade de melhor planejar as atividades formativas.
Nesse período, os cursistas terão suas vivências formativas referentes à Prática como Componente Curricular (PCC) e às Atividades Curriculares de Extensão (ACEX). Tais vivências incluem atividades práticas e teóricas desenvolvidas nas comunidades e em escolas do campo, em diálogo com a realidade do campo e do exercício da docência. O Estágio Curricular Supervisionado também será realizado no TC contemplando as práticas pedagógicas nos anos finais do Ensino Fundamental e no Ensino Médio. O Tempo Comunidade (TC) também constitui fecunda oportunidade de produção dos dados necessários à elaboração do TCC. As comunidades serão envolvidas de acordo com as necessidades e demandas
apresentadas pelos grupos sociais envolvidos.

Pretende-se ainda, com a metodologia da alternância imprimir um caráter indissociável ao ensino, permeado pela pesquisa como princípio educativo e a sua respectiva ação, caracterizada academicamente de extensão, estes entrelaçados dialeticamente, em uma perspectiva revolucionária.

Sistema de Gestão do Curso:
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Avaliação do Curso:

A avaliação da aprendizagem, no presente projeto, é compreendida como um dos elementos centrais e tem como foco principal a organização e implementação do trabalho pedagógico. É também entendida como um instrumento capaz de evidenciar que conhecimentos são considerados como válidos e que sustentam as bases da proposta de educação que se pretende desenvolver.
Nesse sentido, demarca-se que o conceito e os fundamentos do processo de avaliação que orientarão o ensino e a aprendizagens no presente projeto consideram a história, os contextos socioculturais e as particularidades da atuação e trabalho das educandas e dos educandos alvos das ações de ensino e das aprendizagens. Tem-se que a educação oferecida às áreas rurais do país e a luta pelo direito de produzir conhecimento válido trouxe/traz à tona os lugares e as vozes silenciadas ao longo da nossa história enquanto sujeitos – coletivos e individuais – marginalizados (ARROYO, 2012), sujeitos esses que passam a propor uma forma outra de contar a sua própria história.

Desse modo, tendo como pressuposto um projeto de educação que concebe os saberes e os fazeres dos povos do campo como forma autêntica e válida de produção de conhecimentos, o presente projeto pensa e utilizará formas e estratégias de avaliação que potencializem e ressignifiquem os saberes advindos do campo, distanciando-se de um modelo de avaliação centrado na seleção, na classificação e na valorização exacerbada dos conteúdos. Considerando a perspectiva assinalada, a Avaliação da Aprendizagem buscará atender às especificidades e às diferenças das(os) estudantes docentes, sendo espaço de validação e de afirmação dos conhecimentos que sustentam as formas de organização política, econômica, social, cultural e epistêmica dos povos do campo (TORRES, 2018).

Concordamos com Torres (2018), quando afirma que o currículo e a avaliação figuraram/figuram como espaços de circulação e validação de “verdades”, sustentando o abismo que de um lado exalta os conhecimentos de referência e a negação da diferença, e de outro, a complexidade dos sujeitos, territórios e conhecimentos extremamente plurais.
Acreditamos que essa visão tem como base o paradigma que se apoia na concepção convencional do espaço rural, a qual não se propõe a fazer interrelações emergentes com a sociedade brasileira nem incorpora as demandas trazidas à sociedade por movimentos sociais e sindicais; esse paradigma compreende a relação ser humano-natureza como exclusão, marcada por sua capacidade de força de trabalho e de produção de riquezas através da acumulação material de poucos, excluindo a maioria; esse paradigma seleciona e rejeita ideias integradoras, não respeita nem considera os conhecimentos e os saberes tradicionais das trabalhadoras e trabalhadores do campo. É por isso que na visão do rural convencional o conceito de educação (rural) esteve sempre associado a um projeto educativo precário, atrasado, com pouca qualidade (MARTI, 2004).

A concepção de currículo e avaliação está, pois, ancorada no paradigma da educação do campo, o qual nasceu das lutas pela terra e pela reforma agrária, compreende o campo como espaço de desenvolvimento territorial do trabalho familiar na agricultura, a relação campo-cidade como processo de interdependência, marcado por contradições e exigências socio-territoriais coletivas; espaço de construção da autonomia e identidade das populações do campo.

Esse paradigma procura romper com a alienação do território, buscando construir conhecimentos a partir da relação local-global-local.

Projeto Político Pedagógico:
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