A aquicultura tem se consolidado como um importante setor para a segurança alimentar, mas enfrenta sérios desafios devido à ocorrência de doenças infecciosas, em especial as bacterianas, que comprometem a produção e a sustentabilidade do cultivo de peixes. O uso indiscriminado de antibióticos tem agravado o problema da resistência bacteriana, tornando urgente a busca por alternativas naturais e sustentáveis. Nesse contexto, os óleos essenciais surgem como compostos promissores pela sua atividade antimicrobiana, antioxidante e relativa segurança ambiental. O presente estudo teve como objetivo avaliar a toxicidade, a atividade antioxidante e o potencial antimicrobiano do óleo essencial de
Psidium guajava, uma espécie da família Myrtaceae amplamente utilizada na medicina tradicional e com reconhecidas propriedades bioativas. Foram conduzidos ensaios de toxicidade aguda com os microcrustáceos Daphnia magna e Artemia salina, testes antioxidantes pelos métodos ABTS e DPPH, e ensaios antimicrobianos in vitro frente a cepas Gram-positivas (Streptococcus agalactiae, Bacillus subtilis, Staphylococcus aureus) e Gram-negativas (Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa e Klebsiella pneumoniae). O óleo essencial foi obtido por destilação por arraste a vapor e caracterizado por
cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massas, revelando composição majoritariamente sesquiterpênica, com destaque para β-cariofileno, β-selineno e γ-selineno. Os testes de toxicidade demonstraram que o óleo apresenta efeito moderado sobre D. magna e A. salina, sendo classificado como categoria aguda 2 pelo GHS. Na atividade antioxidante, o óleo apresentou menor efeito comparado ao Trolox e ao ácido ascórbico, mas mostrou ação dose-dependente e significativa capacidade de neutralização de radicais livres. Em relação à atividade antimicrobiana, observou-se maior eficácia contra bactérias Gram-positivas, especialmente S. agalactiae, patógeno de elevada relevância para a piscicultura, enquanto não foi registrada ação significativa contra Gram-negativas, possivelmente devido à barreira estrutural da membrana externa desses microrganismos. Os resultados obtidos reforçam o potencial biotecnológico do óleo essencial de P. guajava como alternativa natural para a aquicultura, conciliando atividade antimicrobiana seletiva, efeito antioxidante moderado e toxicidade ecologicamente aceitável. Conclui-se que este óleo representa uma estratégia promissora para o manejo sanitário aquícola e recomenda-se a continuidade das pesquisas, incluindo estudos in vivo, avaliação de sinergias com outros compostos e testes frente a microrganismos resistentes.