A caracterização fenotípica de suínos nativos conhecidos popularmente como “Focinho de Garrafa” foi conduzida em seis municípios do estado do Piauí, visando identificar padrões morfológicos e subsidiar estratégias de conservação desses recursos genéticos. Foram avaliadas variáveis qualitativas e quantitativas em 165 animais adultos criados em sistemas tradicionais, permitindo descrever atributos estruturais, biométricos e de conformação corporal relacionados à adaptação ambiental. A análise discriminante foi aplicada para detectar diferenciação fenotípica entre indivíduos e padrões integrados de variabilidade. A análise discriminante evidenciou forte estruturação geográfica, com acurácia de 82,4%, indicando possível grupo genético nativo diferente dos já descritos na literatura. As características qualitativas mostraram elevada fixação, destacando pelagem predominantemente preta, focinho longo, perfil cefálico reto e orelhas semilópticas, configurando um padrão fenotípico consolidado. As medidas quantitativas confirmaram animais de porte médio, com variabilidade moderada e estabilidade em características estruturais essenciais, sugerindo padrão consistente na amostra avaliada. O comportamento das correlações fenotípicas revelaram alta integração morfológica, enquanto o focinho apresentou comportamento modular, atuando como característica distintiva parcialmente independentemente do tamanho corporal. Verificou-se ainda dimorfismo sexual invertido, com fêmeas apresentando maior desenvolvimento estrutural, possivelmente relacionado ao manejo e à adaptação reprodutiva em ambientes de baixa oferta nutricional. Os índices morfométricos corroboraram um biotipo intermediário e funcionalmente ajustado ao ambiente. Os resultados evidenciam o perfil fenotípico peculiar desse grupo genético, o que remete a necessidade de estratégias de conservação que mantenham sua variabilidade interna e possibilitem seu uso sustentável em sistemas sustentáveis.