Introdução: a evasão é a saída prematura e definitiva do aluno do curso antes da conclusão. Suas causas são diversas, incluindo dificuldades acadêmicas, falta de motivação, desigualdades socioeconômicas, falta de recursos e desafios culturais que impactam a percepção e valorização da educação. Muitos estudantes não enfrentam esse processo de forma positiva, resultando em sofrimento psíquico e motivação para o processo de evadir. Objetivo: analisar as motivações potenciais para a evasão na Pós-Graduação de Enfermagem e a associação com os sintomas de depressão, ansiedade e estresse. Métodos: estudo observacional, transversal e analítico realizado com 84 estudantes de pós-graduação stricto sensu de Enfermagem da Universidade Federal do Piauí em Teresina. Os dados foram coletados por meio de questionário on-line para levantamento dos dados sociodemográficos, acadêmicos e ocupacionais e a partir das escalas: escala de Depressão, Ansiedade e Estresse (DASS-21), Motivos de Evasão do Ensino Superior para a Pós-Graduação (M-PG). Os dados foram duplamente tabulados e inseridos em bancos de dados e processados no Software Statistical Package for the Social Sciences – SPSS Versão 26. Para as análises, foi utilizada a análise descritiva que caracterizou a população do estudo em termos sociodemográficos, acadêmicos e ocupacionais. O teste qui-quadrado (χ²) foi utilizado para avaliar as associações entre variáveis categóricas das escalas DASS-21 e M-PG. Para a associação dos dados sociodemográficos, acadêmicos e ocupacionais com as escalas DASS-21 e M-PG, foi utilizado o teste qui-quadrado (χ²) com correção de Yates. O teste de correlação de Spearman foi aplicado em modelo de regressão logística para determinar a significância das variáveis e calcular as razões de chance associadas às motivações para evasão, também para avaliar a probabilidade de evasão com base nos sintomas da DASS-21 e para as variáveis que apresentaram associação, foi aplicada a razão de Chance por regressão logística. Resultados: o estudo revelou que os estudantes mais jovens (20-39 anos) apresentaram maior frequência de sintomas de depressão (p=0,014) e ansiedade (p=0,003) em comparação aos mais velhos. Os primeiros semestres do curso mostraram-se períodos críticos, com maior prevalência de ansiedade no 1º (17,8%) e 2º (24,4%) semestres (p=0,045). Dificuldades na conciliação entre vida pessoal e acadêmica foram associadas à depressão (p<0,001), ansiedade (p=0,001) e estresse (p=0,003), enquanto a insatisfação com o curso também esteve relacionada à depressão (p=0,006) e ansiedade (p=0,027). A falta de reconhecimento acadêmico foi um dos principais fatores associados à evasão, sendo significativa para depressão (OR=10,5; p<0,001), à ansiedade (OR=7,60; p<0,001) e ao estresse (OR=7,33; p=0,005). Estudantes afetados por sintomas de ansiedade também relataram uma forte relação com questões de carreira (OR=19,56; p<0,001) e falta de suporte (OR=3,64; p=0,034). Conclusão: a pesquisa revelou que os sintomas de depressão, ansiedade e estresse entre pós-graduandos em enfermagem estão fortemente ligados a fatores acadêmicos e ocupacionais, como dificuldades de adaptação nos primeiros semestres, insatisfação com o curso e desequilíbrio entre vida pessoal e acadêmica. A falta de reconhecimento acadêmico e suporte institucional e financeiro foi um fator-chave para o agravamento dos sintomas e a evasão, especialmente para aqueles com pressões relacionadas à carreira e à produção científica. Os resultados indicam a necessidade de estudos e políticas institucionais que ofereçam suporte psicológico e valorizem as conquistas acadêmicas.