Introdução: As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde são reconhecidas como eventos adversos preveníveis. No entanto, apesar da existência de estratégias de vigilância, ainda persistem elevadas taxas de morbimortalidade. Nesse contexto, a análise integrada de fatores de risco e desfecho clínico, por meio de instrumentos padronizados e validados, é essencial para a prevenção dessas infecções. Objetivo: Analisar os fatores de risco associados a infecção relacionada à assistência à saúde em pacientes de Unidade de Terapia Intensiva, por meio da Escala Rodríguez-Almeida-Cañon. Método: Estudo transversal, realizado em uma unidade de terapia intensiva de um hospital público de federal, localizado em uma capital do nordeste brasileiro. A amostra censitária contemplou 141 pacientes, totalizando 182 casos de infecções relacionadas à assistência à saúde. A coleta de dados foi realizada no período de novembro de 2024 a fevereiro de 2025, mediante instrumento de coleta de dados e aplicação da Escala Rodríguez-Almeida-Cañon. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí, com CAAE: 81706324.9.0000.8050. Resultados: A maioria eram do sexo masculino (68,8%), possuíam idade entre 60 e 79 anos (45,4%), eram casados (61,7%), residia no interior do estado (56,7) e possuía um perfil de baixa instrução escolar (32,1%). A maioria dos participantes admitidos eram procedentes da clínica médica (28,4%), e apresentaram um tempo médio de permanência de 28,72 dias nesta unidade. Quanto a classificação das infecções, predominou a Pneumonia Associada a Ventilação Mecânica laboratorial (44,4%), seguida de Infecção Primária Corrente Sanguínea patogênica (14,6%). No que se refere aos microrganismos, predominou a Pseudomonas (28,1%) e Acinetobacter (19,1%). Houve resistência microbiana aos carbapanêmicos (34,3%), cefalosporinas (7,9%) e carbapanêmicos e cefalosporinas concomitantemente (5,1%). A escala utilizada evidenciou médio risco (53,9%) e alto risco (45,4%) para desenvolvimento de infecções. O grau de escolaridade apresentou associação estatisticamente significativa com o risco de infecção (p = 0,016). Quanto ao desfecho clínico óbito, em função da faixa etária e da escolaridade, predominaram as idades entre 60 e 79 anos (53,9%), seguido de 40 a 59 anos (28,1%). Enquanto as altas foram mais frequentes entre pacientes com idades entre 40 e 59 anos (46,2%) e 20 a 39 anos (19,2%), e p<0,001. O grupo entre 20 e 39 anos apresentou uma chance 12,48 vezes maior de alta (IC: 4,89-102,90, p=0,0002). Conclusão: O estudo evidenciou que indivíduos com menor nível educacional, associados à condição de idosos, estão mais suscetíveis não apenas às IRAS, mas também a sepse e óbito. Nesse sentido, é necessária a estruturação de protocolos de prevenção direcionados as populações mais vulneráveis. Além disso, a implementação da escala Rodríguez-Almeida-Cañon como ferramenta assistencial demonstrou ser factível e importante, pois fornece subsídios para estruturação de planos de cuidados individualizados.