A cidade sem limites: olhares sobre Lisboa
Teolinda Gersão, Lídia Jorge, Paisagem, Espaço, Lugar.
O propósito desta pesquisa é examinar a relação que se arquiteta entre sujeito e paisagem, a partir do diálogo das obras A cidade de Ulisses (2011) e O Jardim sem limites (1995), respectivamente, das escritoras portuguesas contemporâneas Teolinda Gersão e Lídia Jorge. Considerando as reflexões teóricas relacionadas à Literatura e à Geografia Humanista Cultural no decurso interdisciplinar pretendemos analisar o modo como se delineia a subjetividade do sujeito em consonância com o espaço vivido, por meio da visualização dos contornos geográficos em que se encontra inserido, associando tanto perspectiva imagética quanto experiência e convergindo-os em questões a serem iluminadas nos romances das duas autoras. Para tanto, nesta investigação serão discutidos conceitos como espaço, lugar e paisagem à luz dos estudos desenvolvidos pela Geografia Humanista Cultural e fundamentados nas obras dos teóricos Yi-Fu Tuan (2012; 2006; 1983), Eric Dardel (2015), Bachelard (2008), Michel Collot (2012; 2013), dentre outros. Além disso, por se tratar de romances que foram publicados após a Revolução dos Cravos, no ano de 1974 em Portugal, será sublinhado o olhar das referidas escritoras na circunscrição da paisagem portuguesa representada na textualidade romanesca. Com isso, é possível perceber que o labor poético de Teolinda Gersão e Lídia Jorge, observando as especificidades literárias de cada uma, vincula a preocupação estética a um senso de consciência nacional, na medida em que trazem à tona, por meio de seus escritos testemunhais, um país em constante transformação e a compreensão das relações sociais que são tecidas nesse contexto espacial.