Esta dissertação tem, como objetivo principal, investigar continuidades e descontinuidades em relação ao tratamento dado à categoria das vozes verbais em gramáticas brasileiras do XIX. Para tanto, fez-se necessária à análise de gramáticas que perfazem o horizonte retrospectivo (Auroux, 2008), quais sejam, Barros (1540); Barreto (1671); Argote (1725); gramáticas situadas entre os séculos XVI e XVIII, chegando às gramáticas brasileiras do século XIX: Ribeiro (1881); Junior e Andrade (1887); Gomes (1887); Ribeiro (1887); Maciel (1887); Bandeira (1897). A análise foi realizada levando em consideração os pressupostos teórico-metodológicos da Historiografia Linguística propostos por Koerner (2014b) pautando-se, basicamente em dois princípios, o princípio da contextualização e da imanência. O primeiro princípio será contemplado no instante em que serão levados em consideração os aspectos políticos, econômicos, sociais e educacionais durante o século XIX, no Brasil, assim, compreendendo o clima de opinião, bem como as influências sofridas pelos autores estudados. O princípio de imanência levará em consideração o tratamento dado à categoria das vozes verbais nas gramáticas elencadas para o estudo, observando as continuidades e descontinuidades do fato linguístico. Desse modo, este estudo levará em consideração os aspectos internos e externos, Batista (2013), bem como a questão da influência, Koerner (2014b), retórica do autor, Batista (2016) e tradição, Alonso (2012). Além disso, foi feito um breve estudo da história da gramática, desde suas concepções filosóficas até as últimas concepções adotadas pelo gênero, bem como de um estudo historiográfico da disciplina Historiografia Linguística, evidenciando seu conceito e objeto de estudo. Integrado a isso, foi realizado um breve panorama dos modelos de interpretação da história das ciências, baseados no pensamento de Fleck (2010); Kuhn (2013). Como resultados obtidos, diante das gramáticas já analisadas, observou-se que desde as primeiras abordagens de base filosófica, perpassando pelas primeiras gramáticas ocidentais, o fato linguístico apresenta mudanças pouco significativas, sendo possível comprovar, dessa maneira, os processos de continuidade e descontinuidade.