Maria Firmina dos Reis, escritora e professora maranhense, é reconhecida atualmente como uma das precursoras da literatura negra brasileira, em sua manifestação no século XIX, tendo iniciado sua atuação literária em 1859, por meio da publicação do romance Úrsula. Além do romance, a escritora participa ativamente da imprensa do período, publicando, entre outros gêneros, poesias voltadas para temáticas e estilo concernentes ao Romantismo. Tendo isso em vista, esta Dissertação analisa a obra de Maria Firmina dos Reis, prosa e poesia, a partir de dois pontos: a) sua atuação na imprensa do período, situando sua literatura no contexto do surgimento das produções literárias femininas no século XIX; b) sua produção em prosa, a partir do conceito de lugar de fala, compreendendo sua produção literária a partir da possibilidade de atitudes políticas manifestadas nos textos, nos quais reflete uma perspectiva antiescravista. Para fundamentar a pesquisa, utilizam-se, sobretudo, os estudos de Evaristo (2009; 2014), Ribeiro (2017), Lobo (1993), Cuti (2010), Said (2011), Eduardo Duarte (2009; 2014) e Constância Duarte (2016). Argumenta-se que Maria Firmina dos Reis, a partir da literatura produzida e atitudes políticas voltadas para a compreensão de certas práticas de restrição à mulher e ao negro, busca inserir-se no meio letrado como sujeito consciente em relação às práticas de dominação, destacando temáticas históricas e sociais criticamente, desenvolvendo uma literatura que dialoga com seu tempo e contesta alguns aspectos da sociedade oitocentista.