O presente trabalho tem como meta principal analisar o ethos nas cartas familiares escritas por Lorde Byron (1788 – 1824) para a mãe, Catherine Gordon, entre 1799 e 1806. Para direcionar o estudo, tomamos como base teórica principal a Análise do Discurso, a partir do quadro teórico-metodológico da Semiolinguística de Patrick Charaudeau. Para a observação das Circunstâncias de Discurso e do entorno sócio-histórico e ideológico dos sujeitos, nos apoiamos sobretudo nas obras de Moore (1844), Prothero (1898), Marchand (1993), Eisler (1999) e Lansdown (2015). As concepções sobre a noção de ethos são retomadas a partir de Amossy (2005), Maingueneau (2005; 2008), Kerbrat-Orecchioni (2010) e Charaudeau (2017). Também discutimos, com base em Compagnon (2001) e Maingueneau (2018) a questão da “literariedade” dessas cartas. A partir das análises até então realizadas, foi possível observar que o sujeito comunicante orienta seu discurso principalmente a partir de recursos patêmicos. Buscando mostrar-se benevolente e preocupado, tenta, estrategicamente, conquistar a simpatia e a compreensão da interlocutora. Nesse sentido, mostra, inicialmente, um ethos que possui uma aparente credibilidade, pois diz-se, indiretamente, correto, responsável, humilde e angustiado por tomar certas atitudes. Todavia, os elementos discursivos mobilizados ao longo do desenvolvimento da argumentação revelam um ethos rude, chantagista, arrogante e até desrespeitoso em alguns trechos.