Este estudo objetiva analisar a Língua Portuguesa (LP) na Base Nacional Comum Curricular – BNCC. Pretende-se averiguar as noções de língua que permeiam o documento por meio das habilidades e competências direcionadas aos alunos, no nosso caso, aos do Ensino Fundamental Maior- do sexto ao nono ano. Ademais, intenciona-se descrever e interpretar o funcionamento dos quatro eixos apresentados na base: oralidade, leitura/escuta, produção (escrita e multissemiótica) e análise linguística/semiótica (que envolve conhecimentos linguísticos – sobre o sistema de escrita, o sistema da língua e a norma-padrão –, textuais, discursivos e sobre os modos de organização e os elementos de outras semioses). Outro ponto essencial de análise é se e como a BNCC produz relações ao discutir sobre a língua e a sociedade. Em função disso, tomam-se como imprescindíveis as noções de língua, escola, alunos, posições sociais, sujeitos e cidadania. Nesse sentido, adentra-se à perspectiva da Análise de Discurso, que toma a língua como mais do que um processo de transmissão de mensagens e distribuição de informações, mas capaz de ter múltiplos sentidos, significar de várias formas, a depender do sujeito que a interpreta, e que concebe o discurso como “efeitos de sentidos entre os locutores” (PÊCHEUX, 2010). Este trabalho insere-se ainda nos pressupostos elucidados pelas Histórias das Ideias Linguísticas- HIL, que estuda o aparecimento, a descrição e a instrumentalização de um saber metalinguístico em épocas e espaços diversos (AUROUX, 2014). Utilizam-se, para todo o trabalho, autores como Auroux (2014), Guimarães (2005), Lopes (2012;2015), Nunes (2006;2008), Orlandi (2013a; 2013b), Pêcheux (2010; 2014), Silva (2001;2007), entre outros. Em análises parciais, observa-se que a LP é considerada como um instrumento de mediação entre alunos e sociedade, logo, ela é tomada como ponte de uma posição-sujeito aluno para uma posição sujeito de profissional, mãe, pai, amigo, cliente ou outra. A função do ensino da LP não seria apenas sua descrição, mas também a utilização dela em meio social; por isso, na base, apresentam-se, mesmo que implicitamente, as línguas maternas, nacional, oficial, imaginária e fluida. Ainda, vê-se no documento a pretensão da garantia de cidadania e igualdada por meio da nacionalização da prática das habilidades e competências linguísticas.