Na perspectiva da Sociolinguística, a língua é caracterizada como um organismo vivo, heterogêneo e dinâmico. Nesse sentido, não surpreende a possibilidade de ocorrerem variações e mudanças dentro do sistema de fala, coordenada pelos seus falantes utentes. Os fenômenos linguísticos que acontecem nesses processos, recebem influências de determinados fatores, a depender dos aspectos de dentro da língua e socioculturais, inerentes aos indivíduos. Assim, estuda-se, entre o falar gaúcho e o teresinense, a vogal média pretônica, por ser um aspecto de divergência entre os dois dialetos, no sentido de que no primeiro, as vogais realizam-se fechadas e no segundo, abertas. Assim, o objetivo principal consiste em investigar o processo de acomodação das vogais médias pretônicas /e/ e /o/ na fala de gaúchos em contato dialetal com teresinenses, a fim de descrever as atitudes linguísticas dos informantes com relação ao novo dilato de contato e analisar fatores linguísticos e extralinguísticos que condicionam a implementação da acomodação das vogais médias pretônicas, bem como os eventos de fala entre o gaúcho e o teresinense. Para tanto, o aporte teórico-metodológico necessário depende das contribuições da Teoria da Acomodação da Comunicação, de (GILES, 1973), em consonância com a Sociolinguística Variacionista (LABOV, 2008 [1972]) e com a Etnografia da Fala, de (HYMES, 1974). Para tratar sobre as vogais, usam-se (CAMARA JR., 2007) e (NOLL, 2008). A investigação é pautada em uma pesquisa de campo, com orientação etnográfica, cujo corpus é constituído de entrevistas realizadas com 6 (seis) informantes gaúchos, que residem em Teresina, há no mínimo 2 (dois) anos. A técnica e o procedimento de análise serão uma adaptação de (MARQUES, 2006). Por conseguinte, usa-se a abordagem quantitativa, com o auxílio do Goldvarb X, para mensurar os dados e a abordagem qualitativa, para interpretá-los, em que se considera, dentro do viés da acomodação, as atitudes linguísticas que os falantes gaúchos dispensam à nova situação de contato dialetal e os eventos decorrentes do contato em situação comunicativa. Os resultados alcançados revelam que o liame entre o tempo de residência em Teresina e a atitude (positiva ou negativa) que o gaúcho tem sobre o falar teresinense é preponderante no processo de acomodação dialetal das vogais médias em posição pretônica, dos falantes gaúchos em situação de contato dialetal com teresinenses.