Esta dissertação, cujo corpus é É isto um homem? e Os afogados e os sobreviventes, do autor italiano Primo Levi, objetiva analisar a representação do trauma e da memória nas referidas obras, pois nota-se em sua escrita aspectos traumáticos que, manifestados pela memória, tornam-no essencialmente um texto que se classifica dentro da literatura de testemunho, ou seja, aquela na qual há predominantemente uma escrita de si, falando de sua experiência e vivência num evento de caráter coletivo. Uma literatura que, segundo Seligmann-Silva, tem “de um lado, a necessidade premente de narrar a experiência vivida; do outro, a percepção da insuficiência da linguagem diante dos fatos (inenarráveis)”. Na formulação mais concisa, a questão problemática que compele e centraliza a análise é: Como o trauma, que engendra a narrativa de É isto um homem? apresenta traços ainda marcantes na memória e se manifesta no seu último livro Os afogados e os sobreviventes? Para tanto, o trabalho empreende um estudo partindo das ideias concebidas por Seligmann-Silva (2005), Benjamin (2012), Ginzburg (2013), Agamben (2008) e Arendt (2017). A literatura de testemunho compõe-se de relatos importantes escritos por sobreviventes da Shoah, como o de Primo Levi, por exemplo, ao qual transformamos aqui em objeto de estudo, já que contar a experiência vivida no Lager ajuda também na preservação da memória coletiva. Assim, as contribuições de Halbwachs (2003) auxiliam como suporte para a análise aqui apresentada. Metodologicamente, este trabalho consiste numa pesquisa bibliográfica e possui um caráter crítico-analítico culminando na exegese pautada nos fundamentos teóricos.