Nos últimos anos, através de iniciativas de resistência dos movimentos sociais, surgem discussões acerca da realidade dos povos negros que se materializam na voz e escrita de autores e autoras afro-brasileiros, que buscam evidenciar as vivências e culturas das populações periféricas, constituindo assim uma literatura de resistência. Nesta pesquisa abordaremos a análise das questões sobre violência e maternidade entre mulheres negras presentes em contos da escritora mineira Conceição Evaristo. Deste modo, apresentarmos como corpus os contos “Maria”, “Quantos filhos Natalina teve?” e “Aramides Florença”, a fim de buscar identificar de que modos são apresentadas as categorias maternidade e violência experienciadas pelas protagonistas dos contos. Nossa análise será fundamentada na crítica feminista, principalmente na literatura sobre feminismo negro. Com o intuito de alcançar o objetivo explicitado acima, apresentamos neste texto parcial da dissertação a discussão teórica e crítica acerca da produção literária como estratégia de resistência dos povos negros, de modo que possamos, na continuidade do trabalho, realizar a descrição da representação da maternidade negra nos contos, investigar os relatos de resistência e violações sofridos pelas personagens, analisar a representação da mulher negra nos contos de Conceição Evaristo e investigar as relações raciais em face das questões de gênero representadas nos contos, tendo em vista o processo histórico e cultural brasileiro. As personagens Maria, Natalina e Aramides são mulheres negras que estão sujeitas a modos distintos de opressão e que se veem impelidas a desenvolver formas de resistência frente às desigualdades sociais, raciais e de gênero. Esta pesquisa tem caráter bibliográfico exploratório de cunho descritivo, construída até aqui a partir da discussão de trabalhos de autoras como Crenshaw (2002); Carneiro (2003); hooks (2010, 2015, 2017); Spivak (2010); Kilomba (2010); Collins (2016); Werneck (2010) dentre outros/as. Este trabalho será basilar para a posterior análise e discussão do corpus, onde investigaremos as desigualdades que essas personagens passam em suas trajetórias de vida e em como vivenciam cada situação como uma oportunidade de se reinventar enquanto mulheres negras que estão à margem da sociedade.