A mediação de conflitos consiste na prática que visa articular os interesses de duas partes em desacordo com o objetivo de resolver determinada contenda por meio de um acordo entre elas. O presente estudo tem por objetivo analisar aspectos linguísticos, retóricos e discursivos considerando como cena enunciativa uma sessão de mediação de conflitos. No campo da retórica, tomamos por base os meios de prova apontados por Aristóteles: ethos, pathos e logos. A noção de ethos é retomada sob o ponto de vista da Análise do Discurso de linha francesa, com base nos estudos de Maingueneau (1997, 1998, 2005, 2008) Maingueneau e Charaudeau (2003) e Amossy (2005). Para completar a análise, lançamos mão da noção de cena enunciativa em Maingueneau (2000) em cujo interior se encontra a cena englobante, a cena genérica e a cenografia. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e interpretativa cujo corpus é constituído por cinco relatos que envolvem conflitos familiares, retirados do livro “Mediare: um guia prático para mediadores” de Lília Maia de Moraes Sales. Uma análise preliminar do corpus selecionado demonstrou que os sujeitos constroem imagens de si (ethos) através de uma argumentação lógica (logos) com o interesse de sensibilizar (pathos) o auditório e ganhar a adesão dos sujeitos envolvidos em disputas. No tocante à cena enunciativa, consideramos que a cena englobante é o tipo de discurso a que pertence determinado enunciado que, no presente caso, é jurídico. Consideramos a sessão de mediação como cena englobante, o relato de sessões de mediação de conflitos familiares como cena genérica, num processo de enlaçamento que possibilita a construção de uma cenografia que é construída de acordo com aquilo que o discurso diz.