A travesti é categorizada em sociedade por meio de discursos transfóbicos que relacionam a travestilidade à prostituição, à doença e à anormalidade. Esses discursos circulantes têm como corolário a intolerância materializada por meio de crimes transfóbicos, os quais apresentam indíces alarmantes que aumentam ano após ano e estampam coberturas jornalísticas em veículos midiáticos na internet. Nesse sentido, a presente pesquisa procura compreender “Quais sentidos são produzidos na imprensa brasileira de circulação nacional acerca do sujeito travesti como vítima de crimes transfóbicos?”. Metodologicamente, a pesquisa será desenvolvida por meio da análise de notícias que enfoquem os crimes praticados contra travestis, publicadas entre os anos de 1997 e 1998 e 2017 e 2018, retiradas dos sites de notícia de maior expressividade da impressa nacional, tais como a Folha de S. Paulo, G1.com. Para a análise do arquivo, recorremos teoricamente aos conceitos de Análise de Discurso, na linha teórica de Michel Pêcheux (1969/1995/2002) e Eni Orlandi (1983/1988/1997/2001/2002). Estabelecemos, também, um diálogo dos Estudos de Gênero (MOTT, 2000; ADAMI, 2012; FOUCAULT, 1979/1987/1988/1996/1999/2004; TREVISAN,2018) para tratar do contexto de crimes de ódio e transfobia, a normatização de corpos e sujeitos por meio da biopolítica e o histórico da travestilidade no Brasil.