Poeta, ficcionista, ensaísta, teatrólogo, crítico literário, Walmir Ayala é um escritor de dimensão criativa e sensível que pode atrair os mais diferentes leitores. Todavia, sua produção literária permanece pouco contemplada nos estudos acadêmicos de literatura devido a sua pouca reedição ao longo dos anos, permanecendo em um limbo no cenário da Literatura Brasileira. Na presente pesquisa, buscou-se analisar a produção poética de Walmir Ayala, por meio da apreciação e análise de alguns poemas dos livros A pedra iluminada (1976) e Águas como espadas (1983), a partir de uma perspectiva existencialista, situando sua produção literária no contexto do Modernismo Brasileiro. Para tanto, propomos um diálogo entre a trajetória poética do escritor (escritos autoficcionais, artigos de jornais e entrevistas) e a crítica literária de alguns teóricos como Bosi (2006), Brasil (1973) e Frota (1973; 1986). O objetivo dessa pesquisa é salientar que há, na lírica ayaliana, uma dimensão angustiante diante da existência e a busca pelo sagrado, como superação ou alívio desse sentimento, que aproxima-se da perspectiva existencialista do filósofo Søren Kierkegaard acerca dos mesmos aspectos. A partir dos livros Temor e Tremor (1979), O desespero humano (1979) e O Conceito de angústia (2013), buscou-se compreender como o filósofo concebe o indivíduo e suas contingências, a angústia e o desespero humano, os estádios da existência e a relação absoluta com a esfera sagrada. Além da leitura de Kierkegaard, utilizou-se os pensamentos de Giles (1989), Huisman (2001), Farago (2011), Dreyfus (2012) e Wicks (2012) sobre a filosofia existencialista. Ao final da pesquisa conclui-se que, partindo do estar no mundo, Walmir Ayala, por meio de uma lírica marcadamente imagética e simbólica, reflete poeticamente sobre as possibilidades da existência humana e sobre as angústias que cerceiam o ser humano em toda a sua vivência, que partem do confronto do homem concreto, existente aqui e agora, com o tempo, com a solidão, com a morte e consigo mesmo.