Com o advento da Internet, as formas de ler e de escrever têm sido ampliadas, modernizadas. Nesse sentido, é fundamental a formação de leitores proficientes, capazes de participar de práticas de linguagem ligadas às demandas socioculturais contemporâneas que requerem a utilização de recursos digitais, tornando-os sujeitos “tecnoletrados”. Na esteira dessa discussão, verificamos que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) explicita a necessidade de se rediscutirem entendimentos que fazem referência ao ensino e à aprendizagem de habilidades de leitura relacionadas tanto aos multiletramentos quanto à cultura digital. Além disso, a partir desse documento, que se propõe como norte para que os docentes das escolas de todo o Brasil elaborem os currículos, percebemos a projeção de um perfil leitor diferenciado, isto é, um leitor multiletrado que imerso em diversos contextos, sobreleva-se no digital. Dessa forma, o presente trabalho tem como principal propósito analisar as habilidades de leitura exigidas do 6º ao 9º ano do ensino fundamental do Eixo de Leitura da Base Nacional Comum Curricular, tendo como foco as práticas de leitura que envolvem a relação entre múltiplas semioses e gêneros digitais. Para a realização deste estudo, utilizamos como base teórica autores como: Gomes (2019), Borges (2016), Coscarelli e Novais (2010), Kress e Van Leeuwen (2001, 2006), Ribeiro (2003, 2008), Palfrey e Gasser (2011), Marcuschi e Xavier (2010), Dias e Novais (2009), Xavier (2005, 2011), Santaella (2004, 2014), Lankshear e Knobel (2008), França (2002), New London Group (1996), Bloom et al. (1956) entre outros. Vale destacar que o estudo é natureza qualitativa, pautado em uma abordagem descritivo-interpretativa com base em procedimentos relacionados tanto à pesquisa documental quanto à análise de conteúdo a partir das seguintes etapas: (i) Leitura e descrição da componente curricular de Língua Portuguesa da Base Nacional Comum Curricular, mais especificamente, das orientações relacionadas ao uso de Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) e às competências de linguagens desse documento; (ii) Identificação das práticas de linguagem e dos objetos de conhecimento exigidos aos estudantes dos Anos Finais – do ensino fundamental em relação ao domínio de textos multissemióticos em diferentes mídias digitais à luz do documento em estudo e (iii) Análise das habilidades de leitura da BNCC solicitadas aos estudantes do 6º ao 9º anos, com o intuito de traçarmos o perfil leitor contemporâneo em suas demandas sociocomunicativas, a partir do desenvolvimento da competência leitora voltada à cultura digital. Os resultados obtidos a partir das análises mostraram a preocupação da Base Nacional Comum Curricular com a inserção das tecnologias digitais na vivência pedagógica, nas práticas de linguagem escolares, o que aponta a necessidade de discussão sobre as mudanças nos currículos de língua portuguesa diante do letramento digital. Isso porque é basilar que haja não só a democratização do acesso às TICs nas instituições escolares, mas também a integração desses recursos digitais na sala de aula, com o intuito de que os docentes formem sujeitos letrados digitalmente.