O propósito desta pesquisa é analisar a coletânea de contos intitulada Feliz Ano Novo, do escritor brasileiro Rubem Fonseca, a partir da Semiolinguística, com ênfase nas imagens de violência atribuídas aos delinquentes na obra. Para isso, buscamos descrever como se constituem os elementos do modo de organização do discurso descritivo e narrativo na construção imagética dos personagens; mostrar a configuração discursiva das imagens de violência atribuídas aos delinquentes na obra, além de classificar e analisar os imaginários sociodiscursivos. A presente pesquisa é de cunho bibliográfico, de caráter qualitativo e interpretativo. Para uma melhor compreensão dos dados, foi feita uma releitura da obra Feliz Ano Novo, composta por quinze contos. Os fenômenos foram localizados através de fichamentos, sendo posteriormente classificados e analisados. Nossa base teórica está centrada na Análise do Discurso Semiolinguística de Charaudeau (2006), complementada pelas noções de ethos em Amossy (2005) e Maingueneau (2001, 2008), dentre outros autores. Como resultados parciais, no tocante aos imaginários sociodiscursivos, verificamos que o saber encontrado de forma recorrente nos contos analisados é o saber de crença. Isso se deve ao estatuto ficcional do gênero conto através do qual o autor projeta nas narrativas o universo de crenças pertencentes aos personagens. Tais imaginários trazem à tona a desigualdade econômica/social que produz a violência e a marginalização, narradas de forma nua e crua na obra de Fonseca. Verificamos, também, que as imagens prévias do delinquente, por diversas vezes, são reafirmadas mediante as marcas de ethéditas e mostradas nas narrativas. Tais marcas evidenciam imagens reverberantes nos discursos desses personagens, os quais projetam ethéde calculistas, violentos, frios, misóginos e vingativos, dentre outros.