O presente trabalho objetiva investigar as práticas de letramento na Penitenciária Feminina de Teresina-PI e os impactos dessas práticas no processo de remição penal pela leitura e reeducação de mulheres encarceradas. Quanto à metodologia, este estudo caracteriza-se como uma pesquisa de campo de abordagem qualitativa, fundamentado nos estudos de Street (1984, 1993, 1995, 2014) no tocante à teoria dos Letramentos sociais. Por sua vez, as pesquisas de Lopes (2006), Kleiman (2005), Soares (2004) e Magalhães Neto (2017) também colaboram para discorrer sobre as múltiplas perspectivas quando se trata de letramento. As concepções de Foucault (1997) são relevantes para esclarecer o conceito dos corpos dóceis no contexto carcerário. Através dos questionários e entrevistas, os resultados da investigação das práticas de letramento apontam que, em se tratando de textos escritos na penitenciária, as “pipas” e as cartas para a família são o meio de comunicação mais utilizado e acessível a elas. Já no caso da leitura, os dados da pesquisa demonstraram os impactos positivos da leitura na vida das reeducandas. Benefícios que vão além do aspecto cognitivo e do conhecimento linguístico, pois produzem efeitos significativos na formação de uma nova visão de mundo a partir do contato com o texto. Para elas, as atividades do Projeto Leitura Livre contribuem significativamente para a remição penal, amenizam os efeitos do aprisionamento e abrem portas para a reconstrução de uma vida diferente tanto dentro da prisão, como também fora dela.