Esta pesquisa propõe uma análise do romance Le dictateur et le hamac (2003), do escritor francês Daniel Pennac, enfocando o modo como a configuração de paisagens nessa obra pode revelar uma lógica de escrita amparada por concepções sobre o Brasil construídas sob uma perspectiva estrangeira. Nesse romance, a história de um ditador agorafóbico instalado em uma capital chamada Teresina, como a capital do estado brasileiro do Piauí, intercala-se ao percurso de construção da própria história narrado em primeira pessoa por seu escritor. Desse modo, o principal objetivo da pesquisa é refletir sobre a estruturação das paisagens brasileiras sob uma perspectiva estrangeira de produção do espaço. Para cumprir tal fim, será necessário analisar a confluência entre paisagens brasileiras empíricas e ficcionais; relacionar as paisagens brasileiras na obra com a tradição de imagens sobre o Brasil; entender as relações entre alteridade e identidade que se sobressaem dessas configurações paisagísticas; e examinar os mecanismos de operação técnica empregados na composição dessas paisagens. A análise será amparada em estudos sobre paisagem literária e sobre a Imagologia, ramo da Literatura Comparada que enfoca as imagens de países veiculadas nos textos literários (SOUSA, 2004). Essa proposta de estudo justifica-se por uma lacuna na fortuna crítica sobre Daniel Pennac no Brasil, país com muitas traduções de sua obra, mas com poucos estudos críticos sobre o autor. Além disso, esse estudo se faz relevante ao permitir a reflexão sobre como as paisagens humanas repercutem na criação literária, favorecendo a investigação de questões, como os encontros entre culturas diferentes, tão
comuns na atualidade.