O presente estudo propõe uma investigação da representação da memória, subjetividade e autoficção nas obras Divórcio (2013) e O céu dos suicidas (2012) de Ricardo Lísias. Nessa perspectiva empreende-se a hipótese de que pessoas que compartilham amizade ou sentimentos com pessoas próximas, como amigos e parentes, e não conseguem evitar que se suicidem ou que sejam presas ou torturadas, desenvolvem um profundo sentimento de culpa e caem na depressão, isso partindo da perspectiva da autoficção. Assim, o problema desta pesquisa é: Porque os personagens principais dos romances Divórcio e o Céu dos Suicidas desenvolvem profundas marcas de melancolia que só são superadas através da exorcização de sua dor, como é o caso dos personagens principais das referidas obras literárias de autoria de Ricardo Lísias? o objetivo geral deste estudo é investigar, nos romances O céu dos suicidas (2012) e Divórcio (2013), de que forma se dá a representação da subjetividade, memória e escrita de si, tendo como objetivos específicos: identificar as implicações autobiográficas e autoficcionais nas obras O céu dos suicidas e Divórcio, a partir das declarações expressas pela personagem/narrador/protagonista Ricardo, e mostrar porque ela se encaixa na escrita autoficcional do gênero escrita de si; descrever as marcas da representação da memória e subjetividade que perpassam as obras O céu dos suicidas e Divórcio da autoria de Ricardo Lísias, enfocando os aspectos que as aproximam e distanciam; e como específicos: analisar os tipos de traumas sofridas pelas personagens principais em O Céu dos Suicidas e Divórcio que foram causa das mudanças sofridas pelo protagonista/narrador/autor Ricardo que o levaram à melancolia e depressão naquela e do narrador/personagem/autor nesta. Nesse sentido, situamos a obra no âmbito dos estudos do gênero autobiográfico conforme os critérios apresentados por Philippe Lejeune (2008) e os estudos sobre o pacto autobiográfico e autoficcional ou pacto ambíguo, levando em consideração os pressupostos teóricos de Manuel Alberca (2007) e Philippe Willemart (2009), que enfocam os processos de criação, e Ângela Gomes (2004), que trata da escrita de si e da auto ficção, além da escrita da História, que sinaliza para uma relação de violência e poder, entre outros que auxiliarão no processo de investigação. No debate sobre auto ficção, nos apoiaremos nas contribuições de Doubrovsky (1977), Alberca (2007), Arfuch (2010) e Costa (2020). Sobre a questão da memória, componente indispensável para os estudos da escrita de si, lançaremos mão dos estudos desenvolvidos por Izquierdo (2013), Sarlo (2004), e Halbwachs (1990), só para citar alguns que nos darão o suporte necessário para desenvolver o debate sobre memória, aspecto indispensável para quem estuda o gênero da escrita de si.