Nesta tese apresentamos uma investigação sobre os saberes (sócio)linguísticos produzidos pelos professores de Língua Portuguesa do Ensino Médio ao longo do seu processo de formação inicial e contínua, no seu fazer pedagógico, nas suas vivências e experiências cotidianas com os alunos e com os demais colegas de profissão. De modo geral, pretendemos analisar a relação entre os saberes (sócio) linguísticos construídos pelos professores de Língua Portuguesa do Ensino Médio e o desenvolvimento da
competência comunicativa dos alunos, considerando o contexto de implementação da Base Nacional Comum Curricular – BNCC (Ensino Médio) no país. Para tanto, fundamentamo-nos em estudos de autores como: Bortoni-Ricardo (2004, 2005, 2008, 2017), Bortoni-Ricardo e Rocha (2020), Costa (2004, 2012, 2014, 2016), Cyranka (2015), Erickson (1987), Faraco (2008, 2015), Gumperz (1972, 1982), Hymes (1972a, 1972b), Vieira (2017, 2019) e outros. Trata-se de um trabalho de natureza qualitativa, do tipo etnografia colaborativa, ancorado em teorias da Sociolinguística. As interações produzidas por meio da etnografia colaborativa nos possibilitaram a compreensão de que toda prática pedagógica precisa ser perpassada por um compromisso social. Assim, concluímos que alcançar o objetivo maior que se pretende para o ensino de língua, qual seja o de desenvolver a competência comunicativa dos alunos, requer muito mais do que dominar um conjunto de saberes técnicos e conceituais. Exige, na verdade, uma consciência do que fazer com os saberes que possui, para definir até que ponto eles se constituem em possibilidade de alcançar determinado objetivo. Desse modo, o que não é possibilidade pode ser transformado, modificado para vir a ser, em um processo de pesquisa, de busca, de vivência e de reflexão constante sobre a complexidade do ato de ensinar e de aprender a língua em uso e sobre os saberes constituídos nesse processo.