A violência de gênero é praticada nos mais variados ambientes; em contextos patriarcais, espera-se que a mulher fique restrita ao espaço doméstico e que o poder seja exercido somente por homens. Na ditadura civil militar brasileira, as mulheres que se inseriram na luta com o objetivo de livrar o país da repressão e do silenciamento foram presas, torturadas e mortas; a violência praticada consistia em humilhar e rebaixar a mulher para que ela retornasse ao ambiente privado. Com o objetivo de analisar a violência de gênero que foi praticada durante a ditadura militar brasileira recorre-se ao livro Estilhaços – em tempos de luta contra a ditadura, de autoria da ex-militante Loreta Valadares. Para fundamentar os estudos sobre memória serão feitas leituras de Gagnebin (2006), Polak (1989) e Sarlo (2007) e recorre-se a Lerner (2019), para compreensão do contexto patriarcal; Ferreira (1996), Rosa (2013) e Colling (1997) são utilizadas para discussão da participação feminina na ditadura brasileira. Percebe-se que durante esse período, era praticada uma violência específica contra as mulheres pelo fato delas estarem transgredindo o que a sociedade havia predeterminado como um comportamento adequado para a mulher. Desviar-se desse modelo era inaceitável e significava que essa figura feminina era um desvio de mulher.