Esta pesquisa objetiva analisar o romance Harmada do escritor gaúcho João Gilberto Noll (2013) com o intuito de considerar a diferença entre kynismos e cinismo. Em vista deste propósito, procuramos apresentar Harmada como um romance que se manifesta em um par antitético: kynismos-cinismo, isto é, há um cinismo reflexivo com base no movimento filosófico da Antiguidade e o cinismo em que Sloterdijk evidencia a inquietação como atitude filosófica, da não aceitação, da precarização da atualidade. Em seus estudos, Sloterdijk faz uma crítica à sociedade atual, contrapondo o cinismo grego ao cinismo que ele chamou de moderno. Tal cinismo é definido por ele como a falsa consciência esclarecida. Suas discussões partem de uma categoria que parece organizar a forma de racionalização utilizada por parte da sociedade atual. Sobre a construção de bases teóricas e procedimentos metodológicos, a pesquisa fundamenta-se em estudos ligados à Literatura e Filosofia. Quanto aos procedimentos técnicos utilizados, a pesquisa é de natureza bibliográfica. Para fundamentar esta pesquisa sobre cinismo, os estudos apoiaram-se no livro Crítica da Razão Cínica de Peter Sloterdijk (2012) e recorreram-se aos textos organizados por Marie-Odile Goulet-Cazé e Bracht Branham (2007) na obra Os cínicos. O movimento cínico na Antiguidade e seu legado. Com base nas análises, os resultados alcançados revelam o ponto que se propôs nessa dissertação, analisar a presença do cinismo de forma ambivalente, kynismos/cinismo no romance Harmada (Noll, 2013) como sintoma da sociedade atual e estratégia literária de denúncia das mazelas contemporâneas.