RESUMO:
INTRODUÇÃO: Pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) enfrentam um alto risco de complicações bucais e infecções sistêmicas devido à gravidade de suas condições clínicas. A avaliação odontológica precoce e protocolos personalizados de higiene bucal são recomendados para prevenir complicações, reduzir o tempo de internação e minimizar custos hospitalares. Contudo, as implicações das condições bucais no prognóstico clínico ainda são pouco exploradas. OBJETIVO: Avaliar a saúde bucal de pacientes internados na UTI de um hospital público em Teresina, Piauí, e investigar sua associação com indicadores de prognóstico clínico. METODOLOGIA: Realizou-se um estudo prospectivo com 117 pacientes internados nas UTIs do Hospital de Urgências de Teresina (HUT) entre julho e novembro de 2024. Foram coletados dados sociodemográficos e clínicos, incluindo os escores SAPS-3 e SOFA. A saúde bucal foi avaliada com base nos critérios da OMS e nas pesquisas SB-Brasil (2010 e 2020). Índices como ROMPIS-M, BOAS-M, IHO-S e ISL foram usados para avaliar tecidos moles, higiene oral e presença de biofilme. As avaliações ocorreram nas primeiras 72 horas de internação (T0), 48 horas após (T1) e 96 horas após (T2), com acompanhamento semanal até a alta. Análises descritivas, teste de normalidade (Kolmogorov-Smirnov), teste de Mann-Whitney, correlação de Spearman e ANOVA para medidas repetidas com o teste de Friedman foram realizados para analisar as variáveis clínicas e odontológicas ao longo do tempo. RESULTADOS: 97,4% dos pacientes necessitaram de tratamento odontológico, com a maioria requerendo cuidados preventivos e eletivos. Higiene oral inadequada foi observada em 47%, e 62,4% apresentaram saburra lingual moderada. A experiência de cárie foi significativamente maior em pacientes com 60 anos ou mais. O Score SAPS-3 mostrou correlação com o Índice CPO-D. As análises de variância indicaram piora nas condições de saúde bucal ao longo do tempo de internação. CONCLUSÃO: A gravidade clínica, avaliada pelos escores SAPS-3 e SOFA, mostrou associação significativa com as condições bucais na admissão (T0), destacando a necessidade de intervenções odontológicas precoces para melhorar os prognósticos clínicos.
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ABSTRACT:
INTRODUCTION: Intensive care unit (ICU) patients are at high risk for oral complications and systemic infections due to the severity of their clinical conditions. Early dental assessment and personalized oral hygiene protocols are recommended to prevent complications, reduce hospitalization time, and minimize hospital costs. However, the implications of oral health conditions on clinical prognosis are still underexplored. OBJECTIVE: To assess the oral health of patients admitted to the ICU of a public hospital in Teresina, Piauí, and investigate its association with clinical prognosis indicators. METHODOLOGY: A prospective study was conducted with 117 patients admitted to the ICUs of the Hospital de Urgências de Teresina (HUT) between July and November 2024. Sociodemographic and clinical data, including SAPS-3 and SOFA scores, were collected. Oral health was evaluated based on WHO criteria and the SB-Brasil surveys (2010 and 2020). Indices such as ROMPIS-M, BOAS-M, IHO-S, and ISL were used to assess soft tissues, oral hygiene, and biofilm presence. Evaluations took place within the first 72 hours of hospitalization (T0), 48 hours after (T1), and 96 hours after (T2), with weekly follow-up until discharge. Descriptive analyses, Kolmogorov-Smirnov normality test, Mann-Whitney test, Spearman correlation, and repeated measures ANOVA with the Friedman test were performed to analyze clinical and dental variables over time. RESULTS: 97.4% of patients required dental treatment, with most needing preventive and elective care. Inadequate oral hygiene was observed in 47% of cases, and 62.4% had moderate tongue coating. The experience of dental caries was significantly higher in patients aged 60 years or older. SAPS-3 scores correlated with the CPO-D Index. Variance analyses indicated a worsening of oral health conditions over the course of hospitalization. CONCLUSION: Clinical severity, assessed through SAPS-3 and SOFA scores, showed a significant association with oral conditions at admission (T0), highlighting the need for early dental interventions to improve clinical prognosis.
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KEY-WORDS: Intensive Care Units; Oral Hygiene; Oral Manifestations; Biofilms. |
PRESS RELEASE PARA PUBLICAÇÃO EM JORNAL DE CIRULAÇÃO:
Pesquisa Realizada em Teresina Destaca Importância dos Cuidados Odontológicos em UTIs
Uma pesquisa realizada nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) do Hospital de Urgências de Teresina (HUT) evidenciou dados preocupantes sobre a saúde bucal de pacientes internados e sua relação com o estado clínico geral. O estudo, conduzido entre julho e novembro de 2024, avaliou 117 pacientes e observou que 97,4% destes necessitam de cuidados odontológicos, reforçando a importância de intervenções precoces para prevenir complicações e melhorar os prognósticos clínicos.
Saúde Bucal e Impacto no Prognóstico Clínico:
Entre os principais achados, constatou-se que 47% dos pacientes apresentavam higiene oral inadequada e 62,4% tinham saburra lingual moderada, com piora progressiva ao longo da internação. Pacientes com 60 anos ou mais apresentaram maior experiência de cárie, e indicadores clínicos de gravidade, como os escores SAPS-3 e SOFA, demonstraram associação significativa com as condições bucais na admissão hospitalar.
A Relevância da Intervenção Odontológica Precoce:
O estudo reforça que a avaliação odontológica logo nos primeiros dias de internação e a implementação de protocolos de higiene bucal personalizados são medidas fundamentais. Essas ações podem reduzir complicações, diminuir o tempo de internação e até mesmo os custos hospitalares, beneficiando tanto os pacientes quanto o sistema de saúde.
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PROJETO DE PESQUISA AO QUAL O PROJETO ESTÁ VINCULADO: AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE SAÚDE BUCAL E INDICADORES CLÍNICOS DE PROGNÓSTICO DE PACIENTES INTERNADOS EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA |