A resistência aos antimicrobianos é um dos maiores problemas para a saúde pública mundial, grande parte relacionada à capacidade que muitos microrganismos (bactérias, fungos, vírus e parasitas) apresentam de se modularem geneticamente, quando expostos a diversos antimicrobianos. Sendo a biodiversidade entre espécies de plantas importante na descoberta de novas substâncias bioativas, estudos com moléculas químicas derivadas de plantas da família das Bignobeaceae, como as naftoquinonas, demonstraram possuir propriedades biológicas de amplo espectro (antinflamatória, antineoplásica, antimicrobiana, antidiabética, antioxidante, antitripanossomida e antileishmania). O objetivo deste estudo foi avaliar as propriedades biológicas de cinco derivados naftoquinônicos (SD1, SD2, SD3, SD4 e IM5), por meio de estudos, in sílico, das propriedades farmacocinéticas (ADMET) e de docagem molecular, e de ensaios comparativos in vitro com a precursora β-Lapachona: atividade antimicrobiana, hemocompatibilidade, toxicidade e potencial de irritação pelo teste HET-CAM. Observou-se no teste ADMET que a β-lapachona apresentou resultados mais satisfatórios em comparação com os seus derivados, seguida pela molécula IM5. A docagem molecular mostrou que as interações entre moléculas-alvo e o derivado IM5 foram consideradas fortes, pois apresentaram valores menores que -10Kcal/mol, destacando sua atividade antimicrobiana. Nos ensaios in vitro, a molécula IM5 obteve menor concentração no teste de CIM para S. aureus (64 µg/mL-1), E. coli, P. aeruginosa e C. albicans (256 µg/mL-1). A percursora β-Lapachona obteve melhores resultados em comparação a S. aureus, E. coli, P. aeruginosa e C. albicans (8 µg/mL-1, 64 µg/mL-1, 128 µg/mL-1 e 16 µg/mL-1, respectivamente). No ensaio de CMM, a β-Lapachona e a IM5 foram consideradas bactericidas. As moléculas SD1, SD2, SD3 e SD4 não apresentaram atividade antimicrobiana em nenhum dos ensaios realizados. No teste de contato direto, a β-Lapachona e a IM5 apresentaram formação de halo inibitório microbiano em todas as cepas testadas. No ensaio de hemocompatibilidade não houve hemólise para nenhuma das substâncias testadas, embora tenham sido consideradas muito tóxicas para o bioensaio de ecotoxicidade com Artemia salina. O teste HET-CAM mostrou que o composto β-Lapachona e seus derivados SDs não foram irritantes. Diante dos resultados obtidos, a molécula química com melhor atividade antimicrobiana comparável com a molécula precursora β-Lapachona, e com potencial promissor para o desenvolvimento de novas formulações farmacêuticas, foi a IM5 frente aos demais derivados naftoquinônicos. Contudo, validações adicionais in vitro e in vivo são necessárias.